Trump deve impactar fortemente a economia irlandesa com novas tarifas de 20%

O governo irlandês se prepara para um impacto significativo com a iminente imposição de tarifas de 20% sobre produtos da União Europeia, conforme anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A Irlanda, que em 2024 exportou €73 bilhões (aproximadamente £61 bilhões) para os EUA, é a nação da UE mais dependente desse mercado, com um terço de suas exportações direcionadas aos americanos. O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, classificou as tarifas como "uma ameaça muito grave e séria", com análises indicando que o país pode perder mais de €18 bilhões em comércio.

A situação é alarmante, especialmente para setores como o farmacêutico, que representa 45% das exportações irlandesas. A Irlanda é o maior exportador de produtos farmacêuticos para os EUA, superando até mesmo países como Alemanha e Suíça. O economista-chefe do Instituto de Assuntos Internacionais e Europeus, Dan O'Brien, alertou que os efeitos das tarifas podem ser comparáveis à crise econômica de 2008, com a possibilidade de 50 mil a 80 mil empregos não serem criados ou mantidos.

Empresas irlandesas, como a fabricante de empilhadeiras Combilift, estão se preparando para o impacto, com seu cofundador, Martin McVicar, garantindo preços fixos em dólares para seus produtos, buscando oferecer previsibilidade aos clientes. O governo irlandês, por meio do ministro das Finanças, Pascal Donohoe, tem enfatizado a gravidade da situação, destacando a dependência do investimento estrangeiro direto dos EUA, que emprega mais de 210 mil pessoas diretamente no país.

As discussões diplomáticas entre a Irlanda e os EUA estão em andamento, enquanto o governo irlandês busca mitigar os efeitos das tarifas. A IDA Irlanda revelou que o país é a sexta maior fonte de investimento direto estrangeiro nos EUA, com investimentos irlandeses em 2023 totalizando $351 bilhões (cerca de £272 bilhões). A interconexão entre as economias irlandesa e americana destaca a vulnerabilidade da Irlanda em um cenário de guerra comercial prolongada.