EUA impõem restrições à exportação de peças de aeronaves e chips para a China

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a proibição da exportação de peças e tecnologias de motores a jato para a China, conforme reportado pelo New York Times. Essa decisão pode prejudicar os esforços chineses para desenvolver sua própria indústria de aviação. O Departamento de Comércio dos EUA também instruiu empresas de automação de design eletrônico, conhecidas como EDA, a suspender o fornecimento de suas tecnologias para a China.

A estatal Commercial Aircraft Corp of China (Comac), responsável pela fabricação do avião C919, depende de motores da GE Aerospace. O Bureau of Industry and Security (BIS) enviou notificações às empresas, mas não está claro se todas as EDA receberam a comunicação. O CEO da Synopsys, Sassine Ghazi, afirmou que sua empresa não recebeu aviso do BIS, apesar das especulações.

Impactos nas Relações Comerciais

Essa nova restrição se soma a uma série de medidas que complicam as relações comerciais entre os dois países. Em abril, os EUA já haviam limitado a exportação de chips de inteligência artificial para a China. Em resposta, o governo chinês havia suspendido temporariamente as entregas da Boeing, mas a medida foi revogada após um acordo de trégua tarifária de 90 dias.

Um porta-voz do Departamento de Comércio declarou que o órgão está revisando as exportações estratégicas para a China e, em alguns casos, suspendeu licenças existentes. O governo Trump também planeja incluir fabricantes chineses de chips em uma lista negra, dificultando ainda mais o fornecimento de tecnologia americana.

Desafios para a Comac

Recentemente, a Comac estocou motores suficientes para a produção de dezenas de aviões, o que pode evitar uma crise de suprimentos no curto prazo. A GE Aerospace fabrica os motores LEAP, utilizados no C919, em uma joint venture com a francesa Safran. O software EDA é crucial para o desenvolvimento de novos chips, e empresas como Synopsys, Cadence e Siemens EDA dominam o mercado na China, representando cerca de 80% do setor.

No ano fiscal de 2024, a Synopsys reportou vendas de quase US$ 1 bilhão para a China, enquanto a Cadence registrou US$ 550 milhões. As novas restrições de exportação refletem a fragilidade da trégua tarifária entre os EUA e a China, com riscos constantes de escalada nas tensões comerciais.