12 de fev 2025
Cientistas brasileiros revelam enzima que promete revolucionar a produção de biocombustíveis
A metaloenzima CelOCE aumenta em até 20% a eficiência na produção de biocombustíveis. A descoberta foi publicada na revista Nature e pode revolucionar a indústria. CelOCE facilita a conversão da celulose em açúcar, essencial para biocombustíveis. A pesquisa envolveu a coleta de microrganismos em solo de bagaço de cana. O Brasil, grande produtor de energia renovável, pode expandir usinas de biocombustíveis.
"Enzima descoberta em pesquisa pode aumentar o potencial de quebra da celulose em escala industrial, com possibilidade de impulsionar a indústria de biocombustíveis (Foto: Wenderson Araújo/CNA)"
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Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) anunciaram uma descoberta que pode revolucionar a produção de etanol de cana-de-açúcar e biocombustíveis derivados da celulose. Publicada na Revista Nature em 12 de fevereiro, a pesquisa identificou a CelOCE (Cellulose Oxidative Cleaving Enzyme), uma metaloenzima que melhora a conversão da celulose, aumentando a eficiência do processo de decomposição de 60% a 70% para até 80%. Essa inovação é crucial, pois a celulose é o polímero vegetal mais abundante e sua degradação é um desafio significativo na produção de combustíveis.
A CelOCE atua por meio de um mecanismo de clivagem oxidativa, que desestabiliza a estrutura da celulose, facilitando a ação de outras enzimas. Mário Murakami, líder da pesquisa, destacou que “qualquer aumento de rendimento significa muito, porque estamos falando em centenas de milhões de toneladas de resíduos sendo convertidas”. Além disso, a enzima é autossuficiente, produzindo tudo o que precisa para sua ação, o que a torna mais sustentável em comparação aos sistemas enzimáticos complexos atualmente utilizados.
A pesquisa começou com a coleta de amostras de solo próximo a uma usina de cana-de-açúcar em São Paulo, onde os cientistas identificaram uma "comunidade microbiana altamente especializada". Utilizando engenharia genética e a ferramenta Crispr/Cas, os pesquisadores conseguiram elucidar o mecanismo da enzima e demonstrar sua eficácia em uma planta-piloto. A patente da CelOCE já foi registrada, e a expectativa é que seu uso industrial comece em um a quatro anos após o licenciamento.
Murakami enfatizou a importância da biodiversidade microbiana, afirmando que “é um tesouro nacional”. A CelOCE não só promete aumentar a produção de etanol em até 20%, mas também pode ser aplicada em outras áreas, como a reciclagem de petroquímicos e plásticos. A descoberta representa um avanço significativo na biotecnologia, com potencial para transformar a cadeia de produção baseada em biomassa e contribuir para a transição energética no Brasil.
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