12 de fev 2025
Jovens influenciadores promovem a ideia de que estudar não traz riqueza
Influenciadores mirins promovem a ideia de que empreender é mais lucrativo que estudar. Um jovem de 17 anos liderou encontro em São Paulo, afirmando ter faturado R$ 500 mil. A cultura do "enriquecimento rápido" atrai adolescentes, desestimulando a educação formal. Especialistas alertam sobre o trabalho infantil e a responsabilidade das plataformas digitais. A informalidade no mercado de trabalho brasileiro impulsiona essa nova mentalidade entre os jovens.
“A escola não prepara o jovem para o futuro, prepara para ser dependente”, professa um influenciador paulistano de 17 anos. Largou a escola porque seus colegas "não almejavam fazer metade do dinheiro" que ele já fazia (Foto: Beto Nejme)
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Um encontro inusitado ocorreu na Praça Sol Peres, no Morumbi, em 18 de janeiro, reunindo cerca de vinte crianças e adolescentes interessados em discutir investimentos. O evento foi organizado por um influenciador de 17 anos que possui 147 mil seguidores no Instagram. Ele se autodenomina um empreendedor que, apesar da pouca idade, já faturou meio milhão de reais em 2024. O jovem promove um estilo de vida que valoriza o empreendedorismo em detrimento da educação formal, afirmando que a escola não prepara os jovens para o futuro.
A mensagem predominante entre esses influenciadores é que o trabalho tradicional e a educação formal não garantem sucesso financeiro. Um exemplo é um maranhense de 14 anos, que acumula 411 mil seguidores e promete transformar vidas através da internet. O marketing digital, que abrange a venda de produtos online, é frequentemente citado como a chave para o enriquecimento rápido. Essa mentalidade reflete a cultura coach que se espalhou pelo Brasil, onde a autodisciplina e o mindset adequado são vistos como essenciais para o sucesso.
Dados do IBGE revelam que quase 40% da população brasileira trabalha na informalidade, e muitos graduados ocupam cargos que não exigem diploma superior. O Dieese indicou que, em 2022, 80% dos novos trabalhadores com ensino superior foram para funções de nível médio. Essa realidade contribui para o desinteresse dos jovens em seguir caminhos acadêmicos tradicionais, como evidenciado pela queda de 50% no número de inscritos no ENEM na última década.
A presença de crianças e adolescentes nas redes sociais levanta preocupações sobre a exploração e a falta de regulamentação. Especialistas alertam que muitos influenciadores mirins, como o paulistano que organizou o encontro, operam em um espaço onde as regras de proteção à infância são frequentemente ignoradas. A Meta, responsável pelo Instagram, afirma que contas de menores devem ser geridas por responsáveis, mas a fiscalização é falha. O fenômeno revela um novo cenário em que a busca por sucesso financeiro se sobrepõe à educação tradicional, moldando a visão de futuro de uma geração.
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