VPorts transforma gestão portuária no Espírito Santo com concessão inovadora

Nos últimos anos, o Brasil tem avançado na concessão de rodovias e aeroportos, mas os portos ainda são majoritariamente estatais. Em setembro de 2022, o governo federal formalizou a primeira concessão privada de autoridade portuária ao entregar à empresa VPorts a administração dos portos de Vitória, Vila Velha e Barra do Riacho, no Espírito Santo, por 35 anos. A concessão ocorreu após o leilão em que a estatal Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) foi adquirida pelo Fundo de Investimentos em Participações Shelf 119, liderado pela Quadra Capital.

O modelo de concessão adotado pela VPorts é inédito no Brasil, onde a gestão portuária era realizada exclusivamente por companhias docas. A empresa privada agora assume funções de autoridade portuária, incluindo administração e fiscalização. Em comparação, países como o Reino Unido e a Nova Zelândia já operam com gestão portuária predominantemente privada, buscando maior eficiência e regulamentação eficaz para evitar monopólios. A experiência brasileira levanta debates sobre a viabilidade desse modelo e os desafios regulatórios que ele impõe.

Desde sua implementação, a VPorts apresentou resultados financeiros positivos, com um lucro líquido de 81 milhões de reais de janeiro a setembro de 2024, em contraste com um prejuízo de 5 milhões de reais no ano anterior. A empresa investiu 580 milhões de reais em modernização e melhorias nos portos, além de registrar um crescimento de 15% na movimentação de cargas em 2024, superando a média nacional de 2%. A movimentação total nos portos administrados pela VPorts atingiu 6,3 milhões de toneladas, um aumento de 21% em relação ao ano anterior.

A VPorts também se compromete com a sustentabilidade, recebendo o Selo Pró-Clima por suas iniciativas de redução de emissões. Além disso, a revitalização de armazéns em Vitória para espaços culturais e de formação profissional demonstra seu envolvimento com a comunidade. Apesar dos avanços, especialistas como Cristina Tamaso alertam para os desafios regulatórios que ainda persistem, destacando a importância de um ambiente regulatório aprimorado para garantir previsibilidade e atratividade para investidores. A experiência da VPorts pode influenciar futuras concessões e a competitividade do setor portuário brasileiro.