Próspera: a zona de desenvolvimento econômico que desafia a soberania hondurenha

ZEDE Próspera, em Honduras, desafia decisão judicial e atrai investimentos em meio a polêmica

Em meio à ilha turística de Roatán, em Honduras, está Próspera, uma Zona de Empleo y Desarrollo Económico (ZEDE) que opera com governança própria e isenção de impostos. O projeto, que se apresenta como modelo de eficiência burocrática, atrai investimentos em um país com histórico de narcotráfico.

A ZEDE tem atraído cientistas para realizar ensaios clínicos não aprovados pela Administradora de Comidas y Drogas (FDA), em busca de avanços na longevidade humana. Apesar de ter sido declarada inconstitucional pela Corte Suprema de Justiça hondurenha em 2024, Próspera continua operando e atraindo investidores.

Comunidade busca longevidade com tecnologia avançada

O projeto Infinita, liderado pelo economista alemão Niklas Anzinger, busca estender a vida humana por meio de tecnologia e medicina avançada. Anzinger defende que as pessoas que desejam viver mais tempo devem ter essa opção, sem as restrições normativas tradicionais.

Próspera é descrita como uma “bolha libertária” que funciona de forma mais eficiente que o próprio Estado de Honduras, com menos impostos e processos autorregulados. A ZEDE é marcada pela opacidade, com informações sobre construções, ensaios médicos e investidores mantidas em sigilo.

Honduras enfrenta questionamentos sobre soberania

A ZEDE Próspera é vista como um espaço ideológico onde se ensaia uma nova forma de poder, fundindo o capital com o governo. A estrutura tem gerado preocupação em Honduras, pois questiona a ideia de soberania, já que atores externos podem definir o destino da ZEDE.

Apesar de ter sido aprovada durante o mandato do ex-presidente Juan Orlando Hernández, hoje condenado por narcotráfico, a ZEDE persiste devido à sua capacidade de atrair capital estrangeiro e ao apoio de setores empresariais internacionais.

Investidores e conexões com a política americana

Bilionários como Peter Thiel, Sam Altman e Bryan Armstrong estão ligados a organizações que impulsionam e financiam esses projetos. Há preocupações de que a estrutura possa ser replicada em outros territórios com instituições frágeis.

A companhia já anunciou planos de expansão para o continente africano e tem conexões com os planos de Donald Trump para a Groenlândia. Próspera enfrenta uma demanda de US$ 11 bilhões contra o governo hondurenho no Centro Internacional de Arreglo de Diferencias Relativas a Inversiones (CIADI).

Futuro incerto e possíveis alternativas

Anzinger vislumbra a possibilidade de mudar o projeto para outros países, como El Salvador, Paraguai, Uruguai ou Argentina. Ele afirma que o projeto dialoga com discursos como o do presidente argentino Javier Milei e do colaborador de Trump, Elon Musk.

O economista alemão se mostra otimista em relação ao futuro da ZEDE, acreditando que podem resistir até as eleições de novembro de 2025 e que o governo dos Estados Unidos pressionará para que possam operar com garantias.