Hispânicos reduzem gastos com alimentos e bebidas em meio a incertezas econômicas

Consumidores hispânicos nos EUA reduzem gastos com produtos de consumo

O poder de compra da população hispânica nos Estados Unidos, que alcançou US$ 3,6 trilhões em 2022, está enfrentando um retrocesso. Recentemente, empresas como Coca-Cola, Constellation Brands e Colgate-Palmolive relataram quedas nas vendas devido à diminuição dos gastos dos consumidores hispânicos. A preocupação com políticas de imigração e a situação econômica são fatores que influenciam essa mudança.

Dados do Censo dos EUA mostram que um quinto da população se identifica como hispânica ou latina, tornando-se o segundo maior grupo demográfico do país. Apesar do crescimento do poder aquisitivo, a confiança do consumidor hispânico está em declínio. Um relatório da Goldman Sachs indicou uma queda acentuada na intenção de compra entre esses consumidores em janeiro, embora a tendência tenha se moderado em fevereiro.

Impacto nas vendas

O CEO da Constellation Brands, Bill Newlands, destacou que mais de 50% dos consumidores de Modelo Especial, a cerveja mais vendida nos EUA, são hispânicos. No entanto, a empresa previu um desempenho abaixo do esperado para o ano fiscal de 2026, citando tarifas e a diminuição dos gastos dos hispânicos. Newlands afirmou que muitos consumidores estão preocupados com questões de imigração e possíveis perdas de emprego.

A taxa de desemprego entre hispânicos subiu para 5,2% em abril, em comparação a 4,8% no ano anterior. O CEO da Boston Beer, Michael Spillane, também mencionou uma queda no consumo de cerveja, especialmente em eventos sociais, que são populares entre os consumidores hispânicos.

Tendências de consumo

Além das bebidas alcoólicas, os consumidores hispânicos estão reduzindo gastos em outras categorias, como produtos não alcoólicos. O CEO da Keurig Dr Pepper, Tim Cofer, observou uma diminuição nas compras e no valor gasto por visita. A empresa possui marcas populares entre os hispânicos, como Squirt e Peñafiel.

A Coca-Cola, que não alterou suas previsões financeiras, está focando em reconquistar os consumidores hispânicos após um boicote relacionado a rumores sobre a denúncia de trabalhadores indocumentados. O CEO James Quincey afirmou que as tensões políticas também afetaram as vendas no México, especialmente nas regiões fronteiriças.

A Associated British Foods e a Colgate-Palmolive também relataram quedas nas vendas devido à redução do consumo entre hispânicos. O CEO da Associated British Foods, George Weston, descreveu a situação como "miserável", destacando a incerteza que afeta os gastos desse grupo.