Yves Saint Laurent celebra 60 anos do icônico vestido Mondrian que revolucionou a moda

Em 1965, os Beatles lançaram seu quinto álbum e foram condecorados pela rainha Elizabeth, enquanto os Estados Unidos se aprofundavam no conflito do Vietnã. No Brasil, as eleições presidenciais foram canceladas, dando início a um período de repressão militar. Nesse cenário tumultuado, o estilista francês Yves Saint Laurent (YSL) buscou inspiração para criar a "mulher do futuro". Após uma provocação de uma jornalista, ele passou a noite em sua biblioteca, onde teve uma epifania ao observar um livro sobre o pintor Piet Mondrian.

A partir dessa inspiração, YSL criou o icônico vestido Mondrian, que se destacou por sua simplicidade e cores vibrantes, refletindo uma nova era na moda. O vestido, que completa sessenta anos, continua a ser reinterpretado e é um símbolo atemporal, vestindo tanto estrelas do passado, como Catherine Deneuve, quanto figuras contemporâneas, como Katy Perry. Mondrian, que nunca conheceu YSL, já havia percebido que sua arte poderia influenciar a moda, afirmando que "a moda reflete com precisão um período histórico".

YSL foi influenciado por outros estilistas, como Mary Quant e André Courrèges, e sua obra representou uma ruptura com a elegância tradicional de Christian Dior. Ele buscava uma nova estética que unisse arte e moda, propondo uma conversa íntima entre diferentes formas de expressão. O desfile de 6 de agosto de 1965, que marcou a estreia do vestido, foi um marco na história da moda, libertando YSL como criador e ser humano.

O pesquisador de moda Brunno Almeida Maia destaca que YSL não via separação entre arte e vida cotidiana, uma visão que também era compartilhada pelo artista Andy Warhol. As fotografias de Warhol que capturaram a intimidade de YSL e seu parceiro, Pierre Bergé, estão atualmente em leilão na Sotheby’s. Essa interconexão entre arte e moda continua a ressoar, mostrando a relevância do trabalho de YSL até os dias de hoje.