Mostras em São Paulo celebram a obra provocativa de artista mineiro falecido aos 22

Pedro Moraleida, artista mineiro falecido em 1999, é relembrado em duas exposições simultâneas em São Paulo. Com curadoria de Lisette Lagnado, as mostras destacam sua obra provocadora, especialmente a série "Corpo Sem Órgãos". As exposições estão em cartaz na galeria Almeida & Dale até 21 de junho.

A exposição principal, intitulada "Nossa Senhora do Desejo", explora o núcleo escatológico e anticlerical da obra de Moraleida. A curadora, Lisette Lagnado, afirma que o artista via a Igreja e o sistema patriarcal como pilares da repressão ao desejo. A obra "Somos Todos umas Crianças Assim" exemplifica essa crítica, apresentando imagens impactantes que desafiam normas sociais.

A arte de Moraleida não se limita a ser um tema, mas se torna um campo de batalha. Suas pinturas incluem elementos como corpos desmembrados e fluidos corporais, refletindo uma abordagem visceral. Lagnado cita Antonin Artaud, enfatizando que a arte deve incomodar para ser viva.

Além da mostra principal, a segunda exposição reúne obras de artistas que dialogam com Moraleida, como León Ferrari e Flávio de Carvalho. Sara Ramo, amiga do artista, destaca a importância de reviver a memória de Moraleida, apresentando colagens que abordam questões complexas e dolorosas.

A curadoria enfrentou desafios éticos ao lidar com o legado de Moraleida, buscando evitar a vitimização de sua figura. Com um acervo de mais de 200 obras, o Instituto Pedro Moraleida Bernardes guarda um potencial de pesquisa significativo. Para Lagnado, essas exposições são apenas o começo de uma redescoberta do artista.