Borges revela seu processo criativo em inéditos de conferências e manuscritos

A publicação de "Cuadernos y conferencias" traz à tona manuscritos inéditos do escritor argentino Jorge Luis Borges, revelando detalhes sobre suas preparações para palestras e reflexões sobre diversos temas. O livro, lançado na Argentina, é considerado o mais importante conjunto de inéditos de Borges até hoje.

O crítico e escritor Ricardo Piglia observou que a cegueira de Borges, que se intensificou na década de 1950, afetou sua capacidade de leitura e, consequentemente, sua escrita. Piglia destacou que a leitura era essencial para a produção literária de Borges, e sua cegueira alterou significativamente seu estilo.

Manuscritos e Temas

O volume de 410 páginas inclui fac-símiles de anotações que Borges fez ao planejar 24 palestras entre o final da década de 1940 e a metade da década de 1950. As notas abordam filósofos como Juan Escoto Erígena e David Hume, além de escritores como William Blake e Franz Kafka. Cada fac-símile é acompanhado por uma transcrição e comentários críticos.

Daniel Balderston, especialista na obra de Borges e diretor do Borges Center da Universidade de Pittsburgh, afirmou que a obra oferece uma visão única do processo criativo do autor. O livro também desmistifica a ideia de que Borges inventava citações, já que ele registrava as fontes de suas referências.

Impacto e Importância

A edição, realizada pela Arta Ediciones, resulta de um esforço conjunto entre pesquisadores que estudam os manuscritos de Borges e sua produção oral. A obra resgata conferências que não foram gravadas ou transcritas, permitindo que leitores e estudiosos acessem reflexões inéditas do autor.

Os manuscritos revelam temas que permeiam a obra de Borges, além de tópicos que não aparecem em seus textos publicados. A pesquisa já catalogou cerca de quatrocentas conferências do autor, ampliando o entendimento sobre sua produção literária e suas influências.