Miguelanxo Prado revela como transforma memórias em quadrinhos na nova edição de 'Ardalén'

Na Galícia, Espanha, o quadrinista Miguelanxo Prado lança seu novo trabalho, "Ardalén", que chegou recentemente ao Brasil pela editora Conrad. A obra explora a busca de uma mulher por seu avô desaparecido, misturando realismo mágico e documentos fictícios.

Prado, conhecido por suas narrativas que abordam memória e identidade, utiliza o vento Ardalén como símbolo poético. Em entrevista, ele explicou que o termo galego se refere ao "vento do outro lado do Atlântico" e também ao "além". A história se desenrola em uma aldeia gallega, onde a protagonista encontra um velho marinheiro que pode ter conhecido seu avô. As memórias desse homem, nebulosas e intensas, desafiam a linha entre realidade e fantasia.

Temas Centrais

O autor destaca que a narrativa aborda a construção da identidade e a manipulação das lembranças. Prado afirma que a atmosfera do realismo mágico se encaixa perfeitamente na história. Elementos fabulares, como seres marinhos interagindo com o cotidiano, enriquecem a trama, enquanto documentos históricos fictícios instigam o leitor a questionar a veracidade dos eventos.

"Ardalén" foi premiado com o Prêmio Nacional de Quadrinhos da Espanha em 2013 e também foi reconhecido como a Melhor Obra de Autor Espanhol no Salão Internacional do Cómic de Barcelona. Prado acredita que os quadrinhos são uma forma poderosa de comunicação, capaz de evocar emoções universais, mesmo que a interpretação varie entre os leitores.

Conexões com Outras Obras

O quadrinista relaciona "Ardalén" a sua obra anterior, "Traço de giz", que também explora a realidade de maneira alterada. Publicado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, "Traço de giz" narra a história de um homem que chega a uma ilha remota e se depara com uma mulher solitária, onde os limites entre tempo e realidade se confundem.

Prado, que já recebeu o prêmio de Melhor Álbum Estrangeiro no Festival de Angoulême, reflete sobre como suas obras frequentemente abordam a relação do indivíduo com o entorno. Em "Tangências", ele explora a complexidade das relações amorosas, apresentando uma autobiografia sentimental de sua geração.