Zainab Jama, Miss Mundo Somália 2025, denuncia mutilação genital feminina em concurso

Durante a etapa Head to Head do Miss Mundo 2025, a representante da Somália, Zainab Jama, emocionou o público ao relatar sua experiência com a mutilação genital feminina (MGF). A jovem, que tem 23 anos, compartilhou detalhes do trauma vivido aos sete anos, quando foi forçada a passar pelo procedimento realizado por três mulheres sem formação médica. “Gritava de dor. Não havia conforto, apenas sangue e um silêncio ensurdecedor”, afirmou Zainab, que descreveu o impacto devastador que a experiência teve em sua infância.

Após a mutilação, Zainab ficou isolada em um quarto escuro, com as pernas amarradas, uma vivência que, segundo ela, “marcou o fim de sua infância”. A jovem destacou que sua história é a de milhões de meninas que enfrentam essa violência. “Eu sobrevivi, mas muitas meninas não tiveram a mesma sorte”, disse, enfatizando a urgência de erradicar essa prática.

Ativismo e Luta Contra a MGF

Zainab Jama, atualmente residente no Reino Unido, transformou seu sofrimento em ativismo. Ela é fundadora da Female Initiative Foundation, uma organização que trabalha para educar e promover alternativas culturais que visam erradicar a MGF. Estima-se que mais de 230 milhões de meninas e mulheres em todo o mundo sejam afetadas por essa prática, especialmente na África, Ásia e Oriente Médio.

Além de seu trabalho social, Zainab conquistou o título de Miss Mundo Somália 2025 e representará seu país na 72ª edição do concurso, que ocorrerá entre os dias 7 e 31 de maio em Telangana, Índia. Sua trajetória inclui a participação no Miss Global 2023, onde alcançou o Top 13. Com formação em aviação, Zainab busca dar voz às mulheres vítimas de violência e desigualdade.

Uma Voz para as Silenciadas

Durante sua participação no quadro Beauty with a Purpose (Beleza com Propósito), Zainab ressaltou que sua história representa as milhões de meninas que tiveram suas infâncias roubadas pela MGF. “Minha voz representa aquelas que não puderam falar”, afirmou. Sua presença no Miss Mundo é um símbolo de resistência e um chamado à ação para proteger os direitos das mulheres e erradicar práticas culturais prejudiciais.