Concursos de beleza no Brasil proliferam, mas perdem glamour e credibilidade

O Brasil, conhecido por sua rica tradição em concursos de beleza, agora conta com mais de trinta competições autorizadas, permitindo a participação de mulheres de todas as idades e estados civis. Essa mudança reflete um aumento na visibilidade de candidatas trans e a democratização do acesso a esses eventos.

Os concursos, como Miss Brasil Universo e Miss Brasil Terra, já consagraram diversas misses ao longo das décadas. No entanto, a proliferação de competições tem gerado críticas. Para alguns, como o empresário Elizeu Neto, essa multiplicação banaliza o conceito de miss, transformando eventos em meras transações comerciais. Desde 2019, o concurso Miss Brasil não é mais transmitido na televisão, perdendo parte de sua popularidade.

O empresário Márcio da Silva, que organiza mais de cinquenta marcas de concursos, defende que a variedade de competições oferece novas oportunidades. Ele afirma que a participação é gratuita até a divulgação dos resultados, após o que as candidatas investem em kits que variam de R$ 99 a R$ 999. Silva destaca que a proposta é democratizar o acesso aos títulos.

Mudanças nas Regras

Mudanças nas regras globais permitiram que mulheres casadas, mães e candidatas trans participem de competições. A modelo Cris Leite, de 51 anos, se inscreveu no Miss Universe Brasil para abordar o etarismo na moda. A deputada federal Talíria Petrone apresentou um projeto de lei para garantir que a maternidade não seja um critério de exclusão.

A influência da internet também é notável. O missólogo Fábio Paula observa que a multiplicação de concursos é um fenômeno recente, com muitos eventos sendo realizados online. Ele acredita que, apesar da banalização, essa cultura ainda se mantém viva. A modelo Josiane Viana, coroada Miss Brasil Terra em 2024, relata que o título transformou sua vida, trazendo novas oportunidades.

Desafios e Polêmicas

Entretanto, a falta de regulamentação gera preocupações sobre a credibilidade das competições. Recentemente, um grupo de dezesseis modelos registrou um boletim de ocorrência por estelionato após o cancelamento de um concurso em Goiás. O advogado das jovens informou que elas buscam indenizações de R$ 100 mil cada.

A situação evidencia a necessidade de maior regulamentação e proteção para as participantes. O jornalista Evandro Hazzy, especialista em concursos, destaca que a internet trouxe tanto desafios quanto oportunidades, com muitas candidatas mirando carreiras como influenciadoras. A evolução do perfil das misses reflete uma busca por representatividade e engajamento, mantendo vivo o sonho de muitas jovens.