La red fantasma retrata a um professor sírio em busca de seu torturador na Europa

A guerra na Síria, que já dura quase 14 anos, tem sido pouco retratada no cinema de ficção, que frequentemente foca na tragédia dos refugiados. Em contraste, o documentário tem explorado mais profundamente essa realidade, com obras impactantes como "Para Sama" e "Of Fathers and Sons". No entanto, a nova produção "La red fantasma", dirigida por Jonathan Millet, se destaca por abordar a situação sob uma nova perspectiva, focando nas consequências da queda do regime de Bachar el Asad e na busca por líderes fugitivos.

O filme narra a história de um jovem professor universitário sírio em exílio, que se junta a um grupo secreto dedicado a caçar os responsáveis pelo regime. A trama é baseada em fatos reais e revela que o protagonista foi torturado na infame prisão de Saidnaya, conhecida como "El Matadero Humano". A narrativa se desenrola em um contexto de espionagem, onde ele se depara com seu torturador, agora um estudante na França, criando uma tensão psicológica intensa.

Millet evita os clichês típicos de histórias de vingança, optando por uma abordagem mais introspectiva e reflexiva. A ausência de ação e violência explícita é compensada por uma atmosfera de tensão, onde as torturas do passado são retratadas através de gravações de entrevistas, em vez de flashbacks dramáticos. O personagem principal, interpretado por Adam Bessa, é construído de forma complexa, refletindo um estado emocional profundo e doloroso.

Com uma duração de 106 minutos, "La red fantasma" é uma obra que, embora não apresente uma narrativa convencional, oferece uma visão única sobre a (im)possível redenção do torturador e os dilemas políticos que cercam a Síria. O filme será lançado em 7 de fevereiro de 2024 e promete abrir uma janela para a esperança em meio ao desespero, tanto para o protagonista quanto para seu país.