18 de jan 2025

Literatura e filmes de terror abordam racismo na era Trump com vozes negras em destaque
A comunidade de horror americana, liderada por Stephen King, teme o retorno de Trump. Evento online "Scare Up The Vote" apoiou Kamala Harris e destacou autores negros. P. Djèlí Clark reflete sobre o terror real da opressão racial em suas obras. A antologia "Out There Screaming" reúne vozes contemporâneas do horror negro. Mudanças na representação de personagens negros em filmes de terror estão em curso.
Foto:Reprodução
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Em meados de outubro, a comunidade de terror americana, liderada por Stephen King, expressou seu maior temor: o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Para combatê-lo, escritores e cineastas organizaram o evento online Scare Up The Vote, em apoio à vice-presidente Kamala Harris, candidata do Partido Democrata. Entre os participantes, destacaram-se vozes de pessoas de cor, como Tananarive Due, autora proeminente do que é conhecido como "terror negro", e Stephen Graham Jones, membro da tribo Blackfeet. P. Djèlí Clark, de origem trinitária, também participou e enfatizou a conexão entre a história negra e o terror, refletindo sobre como a opressão molda as narrativas.
Clark, autor de Ring Shout (2020), transforma o renascimento do Ku Klux Klan em uma fantasia sombria, onde mulheres negras lutam contra monstros encapuzados. Ele destaca que a popularidade do filme The Birth of a Nation (1915) gerou uma onda de racismo assassino nos EUA. Clark menciona que, ao escrever seu romance, não imaginava que sua publicação coincidiria com o assassinato de George Floyd. Ele alerta que o terror real enfrentado pela comunidade negra persiste, citando ameaças anônimas recebidas por cidadãos negros após a reeleição de Trump.
Jordan Peele selecionou Clark para a antologia Out There Screaming: An Anthology of New Black Horror (2023), que inclui outros autores contemporâneos. Peele observa que o terror é uma forma de lidar com a dor, mas para os negros, isso muitas vezes não é possível sem que suas histórias sejam contadas. Robin R. Means Coleman, especialista em representação da comunidade negra no terror, analisa como Peele desafiou as utopias suburbanas brancas em seus filmes, transformando os subúrbios em lugares perigosos e destacando Brooklyn como um espaço seguro.
A evolução do terror negro é notável, com um aumento significativo de papéis para atores negros desde o lançamento de Get Out (2017). Contudo, a adaptação de obras de autores negros para o cinema ainda enfrenta desafios, com muitos detalhes sendo perdidos. Kinitra Brooks ressalta que a literatura de terror negra sempre teve um papel político, citando obras de Octavia E. Butler que abordam temas de racismo e colapso social, refletindo a realidade contemporânea. A luta continua, e a representação no terror está em transformação, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.
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