Bodegón com fantasmas traz humor negro e reflexões sobre a vida e a morte no cinema espanhol

A literatura e o cinema espanhóis sempre foram marcados pelo disparate e o absurdo, influenciados por artistas como Goya e Solana, além de revistas humorísticas. Essa tradição se estende a grupos como a geração do 27, que inspirou novos criadores a explorar o humor negro e o surrealismo. José Luis Cuerda, com obras como Amanece que no es poco e El bosque animado, foi um dos principais responsáveis por essa corrente, abrindo caminho para cineastas contemporâneos como Juan Cavestany e Chema García Ibarra.

O mais recente representante desse estilo é Enrique Buleo, que estreia Bodegón con fantasmas, uma reflexão sobre rituais e crenças de um povo, marcada pela influência de Cuerda. O filme, que apresenta cinco histórias independentes, é descrito por Buleo como “uma película sobre os sinsabores e aprietos da vida e da morte”. A obra se destaca pela simplicidade e pela composição cuidadosa, embora nem todas as narrativas sejam igualmente cativantes.

Buleo, que transitou pela música e pelo design gráfico antes de se dedicar ao cinema, evita a superficialidade e busca transmitir a solidão e a tristeza que permeiam seu humor. Apesar de um ritmo que tenta ser tranquilo, o filme consegue se distanciar de outras produções que, mesmo com estilo singular, se tornam maçantes. Bodegón con fantasmas aborda temas contemporâneos como transexualidade e o desejo feminino, sem grandes pretensões, o que valoriza a proposta de Buleo.

Com uma direção artística rica em detalhes, o filme retrata a Espanha do disparate costumbrista, utilizando elementos visuais que evocam nostalgia. A produção conta com um elenco que inclui Consuelo Trujillo e Eduardo Antuña, e tem duração de 88 minutos. O lançamento está previsto para 7 de fevereiro de 2024.