A intrigante origem dos conclaves e a política por trás da escolha de um novo papa

O filme “Conclave”, estrelado por Ralph Fiennes, tem atraído atenção por suas várias indicações a prêmios, incluindo o Screen Actors Guild Awards, onde Isabella Rossellini desejou uma rápida recuperação ao Papa Francisco, internado desde 14 de fevereiro de 2025. Baseado no romance de Robert Harris, a obra explora a complexa política por trás da eleição papal, refletindo a realidade de 1,36 bilhão de católicos no mundo. Embora retrate com precisão os comportamentos dos personagens, o filme não explica a origem da palavra “conclave”, que significa “com chave”, referindo-se ao isolamento dos cardeais durante a eleição.

Historicamente, a eleição papal passou por transformações significativas. No início do cristianismo, o papa era escolhido pelo “povo de Roma”, mas essa prática era frequentemente manipulada por aristocratas e líderes militares. O Papa Nicolau II, em 1059, instituiu que apenas clérigos, especificamente cardeais-bispos, poderiam eleger o papa, uma tentativa de reduzir a influência externa e a violência no processo. No entanto, intrigas e disputas continuaram a marcar as eleições, com cardeais frequentemente se beneficiando da “Sé Vacante”, quando o papa estava ausente.

A situação levou o Papa Gregório X a implementar, em 1274, o decreto “Ubi periculum”, que estabeleceu que os cardeais deveriam ser isolados durante a eleição. Essa medida visava proteger tanto os eleitores quanto os bens do papa falecido, que frequentemente eram alvo de saques. As novas regras limitavam o papel dos cardeais à escolha do novo papa, mas não impediram que continuassem a tramitar, como evidenciado pela eleição de Urbano VI em 1378, que foi deposto em favor de Clemente VII, resultando no Grande Cisma Ocidental.

A história da eleição papal é marcada por violência e manipulação, refletindo a luta pelo poder e a complexidade das relações políticas na Igreja. O filme “Conclave” traz à tona esses temas, embora não aborde completamente as raízes históricas do sistema eleitoral que ainda vigora. A narrativa de Joelle Rollo-Koster, professora de história medieval, destaca a evolução do conclave e a importância de entender o contexto histórico por trás da escolha do líder da Igreja Católica.