Animação chinesa quebra recordes e reflete orgulho nacional em meio à turbulência global

A atual turbulência geopolítica mundial se reflete na cultura de massa da China, onde o filme de animação “Ne Zha 2” tem quebrado recordes de bilheteira. Desde sua estreia no feriado do Ano Novo chinês, a produção arrecadou mais de US$ 2 bilhões (R$ 11,5 bilhões), tornando-se a primeira chinesa a figurar entre as 20 maiores bilheteiras do cinema mundial, ocupando atualmente a sexta posição, próxima a sucessos como “Titanic” e “Avatar”.

Baseado em uma mitologia do século XVI, “Ne Zha 2” narra a história de um menino com superpoderes, apresentando uma versão daoista da luta entre o bem e o mal. A trama, que muitos interpretam como um enredo antiamericano, também reflete uma crítica ao autoritarismo, com o protagonista expressando ideias anarquistas, como a frase: “Deuses e demônios nada mais são do que grilhões a aprisionar todos os seres.”

Filmes com mensagens nacionalistas são comuns na China e frequentemente se tornam sucessos de bilheteira, com apoio estatal. Durante a guerra comercial iniciada por Donald Trump, a programação de TVs estatais foi alterada para incluir mais filmes antiamericanos. Embora a mensagem de “Ne Zha 2” não seja tão explícita, seu sucesso técnico é visto como um símbolo da competição tecnológica entre China e Estados Unidos, recebendo elogios até de críticos americanos.

Enquanto isso, a economia chinesa mostra sinais de recuperação, com o encerramento da sessão anual do Legislativo, um evento crucial que reafirma a força do Partido Comunista. O premier Li Qiang enfatizou a “segurança” em seu discurso, mencionando o termo 25 vezes. A elite chinesa vê as ações agressivas de Trump como uma oportunidade para fortalecer parcerias, enquanto indícios de recuperação econômica, especialmente no mercado imobiliário, alimentam a esperança de que tempos difíceis estão superados.