03 de mai 2025
'Ainda Estou Aqui' estreia com sucesso na Coreia do Sul e ressoa com passado político local
Filme "Ainda Estou Aqui" de Walter Salles ressoa com a opressão da Coreia do Sul, destacando paralelos entre as ditaduras dos dois países.
Cena do filme 'Ainda Estou Aqui', dirigido por Walter Salles (Foto: Divulgação)
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O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, estreou no Festival Internacional de Cinema de Jeonju na Coreia do Sul, com sessões esgotadas. A obra, que aborda a ditadura militar brasileira, ressoou com a história de opressão vivida pelos coreanos, especialmente após tentativas de golpe recente.
Moon Seok, responsável pela programação do festival, destacou as semelhanças entre as trajetórias democráticas do Brasil e da Coreia do Sul. Ambos os países enfrentaram ditaduras militares em períodos próximos: no Brasil, de mil novecentos e sessenta e quatro a mil novecentos e oitenta e cinco, e na Coreia, de mil novecentos e sessenta e um a mil novecentos e oitenta e sete. Moon afirmou que o filme é "muito interessante e comovente", refletindo a identificação do público com a trama.
A recente crise política na Coreia do Sul, marcada pela tentativa de golpe do presidente Yoon Suk-yeol em dezembro de dois mil e vinte e dois, também influenciou a recepção do filme. A forte oposição popular resultou no impeachment de Yoon, evidenciando a fragilidade das instituições democráticas. Moon ressaltou que a opressão e a resistência do povo são temas centrais tanto no filme quanto na história coreana.
Reflexões sobre a Opressão
Kim Cheul-hong, diretor do Centro Cultural Coreano em São Paulo, comentou sobre a resiliência dos personagens do filme. Ele observou que, assim como no Brasil, a Coreia do Sul também passou por momentos trágicos, mas muitos conseguiram superar essas dificuldades. A narrativa do filme, que foca na vida cotidiana de uma família, provoca uma forte impressão, mesmo em contextos diferentes.
A trama gira em torno da família de Rubens Paiva, ex-deputado assassinado durante a ditadura. A ensaísta sul-coreana Anna Kim destacou a "violência do Estado" que invade a vida privada da família, refletindo o temor e a continuidade da vida em meio à opressão. Anna também notou as semelhanças na repressão de movimentos opositores entre os dois países.
Cinema e Democracia
O festival de Jeonju, ao criar a seção "Novamente, Rumo à Democracia", busca abordar os desafios democráticos contemporâneos. A seleção inclui outros filmes brasileiros, como "No Céu da Pátria Nesse Instante", que retrata as eleições de dois mil e vinte e dois. Moon enfatizou a importância histórica desses longas, que foram restaurados e exibidos pela primeira vez na Ásia.
Por outro lado, um filme sul-coreano sobre o golpe militar de mil novecentos e setenta e nove, "12.12: O Dia", estreou recentemente no Brasil, atraindo grande público. Moon observou que a popularidade de tais histórias serve como um lembrete da fragilidade da democracia, tanto na Coreia do Sul quanto no Brasil.
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