04 de jul 2025

Julia Mendes estreia na Record e fala sobre atuação, carreira e a vida real por trás das câmeras
Depois de Anita em Mar do Sertão, atriz vive Adália em Paulo, o Apóstolo e mergulha em dramas históricos, bastidores intensos, autocuidado e influência com propósito.

Imagem: Portal Tela
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Na próxima segunda-feira (7), às 21h, chega à programação da RECORD Paulo, O Apóstolo. Com uma narrativa que atravessa os séculos, a série, em 50 episódios, conta a história do precursor do Cristianismo de forma inédita e empolgante. No elenco, a atriz Julia Mendes interpreta Adália, uma mulher que enfrenta o maior dilema de sua vida: abrir mão da fé para salvar os filhos.
Do sertão ao tempo bíblico
Depois de dar vida à beata irreverente Anita em Mar do Sertão, Julia Mendes mergulha agora em um universo completamente distinto com a sua primeira personagem de época, Adália. Se antes o humor e a leveza marcavam sua atuação, agora a atriz encara a intensidade dramática de uma mulher que vive em tempos de perseguição religiosa e é obrigada a renegar a própria fé para proteger os filhos.
“Adália é de um tempo muito distante, tem uma outra linguagem, uma carga emocional muito maior. Foi um desafio, mas também uma oportunidade de crescer como atriz”, afirma Julia. Segundo ela, o processo de construção da nova personagem envolveu o esforço de acessar uma realidade completamente diferente da sua — não apenas em termos históricos, mas emocionais e familiares.
“Eu nunca tinha feito uma produção de época, então precisei descobrir essa mulher dentro de mim, entrar nesse tempo bíblico. E principalmente entender a dor dessa mãe, que soube que poderia não ver mais os filhos. Eu não sou mãe, mas tentei buscar essa força em conversas com outras mulheres e também na memória da minha própria mãe, que já não está mais aqui.”
Para a atriz, transitar entre personagens tão diferentes é parte do fascínio de atuar. “Esse é o presente da nossa profissão: poder mergulhar em realidades que não são as nossas e aprender com elas. Com a Adália, o aprendizado foi sobre estudar o texto, mergulhar no universo bíblico e buscar, com o máximo de entrega, a verdade emocional dessa mãe.”
Emoção e técnica lado a lado
Interpretar Adália exigiu mais do que mergulhar na emoção de uma mãe em desespero, foi preciso equilibrar sentimento e precisão técnica em cenas fisicamente desafiadoras.
“Imagina fazer uma cena em que você está sendo separada dos seus filhos, num momento-limite da personagem, com o set inteiro ao seu redor: câmera, direção, figuração. E ainda repetir tudo várias vezes, exatamente como o dublê pede. O maior desafio foi manter o desespero real da cena mesmo com toda a engrenagem técnica ao redor”, explica.
Para acessar as emoções necessárias nesses momentos intensos, Julia conta que gosta de ouvir música. Não era algo ritualístico, mas antes de entrar em cena, ela escolhia trilhas que a transportassem para o estado emocional de Adália.
A vilã dos sonhos
Apesar de estar envolvida atualmente com uma personagem profundamente dramática, Julia Mendes carrega em si uma veia cômica viva, visível tanto em seus conteúdos nas redes sociais quanto em seus sonhos para o futuro da carreira. E um deles é claro: viver uma vilã marcante, dessas que se tornam icônicas por sua complexidade e ironia afiada.
“Quero muito viver uma vilã humana, sarcástica, humor ácido, daquelas que a pessoa odeia tanto que começa a amar. Tipo a Nazaré da Renata Sorrah ou a Odete Roitman”, diz, entre risos. “Seria um desafio delicioso.”
Para Julia, o papel da vilã ideal não é o da maldade estereotipada, mas o da mulher cheia de falhas, com motivações emocionais reais e contraditórias.
Teatro, sempre teatro
Mesmo brilhando na televisão e explorando novas linguagens nas redes, Julia Mendes guarda no teatro o seu primeiro e mais profundo pertencimento. Foi no palco que tudo começou, e é para ele que ela sempre deseja voltar.
“Eu sempre quis ser atriz. Nunca tive plano B, nem C. Era só o plano A: quero ser atriz. E, para mim, o teatro é a base de tudo”, afirma. Formada em artes cênicas, ela já teve sua própria companhia, rodou o Brasil com espetáculos e cultiva uma saudade latente da energia única do palco.
Segundo Julia, a experiência teatral é insubstituível. “Estar ali, naquele contato direto com o público, sentindo a respiração da plateia, é algo que nenhuma câmera consegue reproduzir. O teatro é onde a arte acontece no presente, na conexão do agora.”
Com a pandemia, essa vivência foi interrompida por um tempo. Mas agora, com o retorno das produções presenciais, ela sonha em voltar de forma autoral: com um monólogo que aborde termas que ela já trata na internet.
“Quero escrever e atuar numa peça minha, falando sobre os novos tempos, sobre como a gente se relaciona, sobre as redes, os afetos, o excesso de imagem.”
A Juju das redes
Com mais de 300 mil seguidores no perfil @jujumecontatudo, Julia Mendes também é um sucesso fora das telas. Seus vídeos, que misturam humor, desabafos e cenas do cotidiano, conquistaram um público fiel que a enxerga como uma amiga de longa data.
“Recebo muita mensagem dizendo: ‘parece que você é minha melhor amiga de infância’. Já teve gente que contou que grita para o marido durante a novela: ‘Vai, Juju!’ E ele responde: ‘Quem é Juju, gente?’”, ri. “Eu acho que tenho essa comunicação próxima, espontânea, sem forçar nada. É assim que me conecto.”
Julia acredita que o segredo está em mostrar não só as vitórias, mas também as vulnerabilidades. “Sou muito bem-humorada, gosto de brincar, mas também faço questão de mostrar quando estou mal. Vivemos num mundo que cobra felicidade o tempo inteiro, e eu acho importante mostrar que não tem problema estar triste às vezes.”
Rainha das marmitas e do autocuidado
Conhecida nos bastidores como a “rainha das marmitas”, Julia leva a sério sua rotina de bem-estar. “Sou aquela pessoa que chega no set carregando mil bolsas: a da marmita, a do banho, a das roupas. Tem que treinar muito braço!”, brinca.
A rotina fitness, longe de ser motivada por estética, é parte de um compromisso com a saúde física e emocional. “Não é sobre corpo sarado, peito e bunda. Eu gosto mesmo é da sensação de disposição, de clareza mental que o exercício me dá. Malhar pra mim é remédio.”
Com alimentação regrada, Julia prepara suas próprias refeições — o que rende piadas frequentes durante as gravações. “Quando alguém sente cheiro de ovo cozido no estúdio, já sabe: é a Julia. Tem gente que chega perguntando se eu trouxe alguma comidinha extra. Já virou parte da rotina do elenco.”
Apesar da disciplina, ela reforça que seu estilo de vida não deve ser encarado como imposição. “Eu falo sempre nas redes: cada um tem sua realidade. Faço o que funciona pra mim, mas não estou ali pra ditar regra. Quero só inspirar quem puder adaptar isso à própria rotina.”
Para Julia, o autocuidado vai além do físico. “Vivemos numa era de doenças mentais, de excesso de estímulo. Se alimentar bem, se movimentar, se escutar… tudo isso faz parte de um pacote de sobrevivência emocional. E, no meu caso, de criatividade também.”
Influenciar com propósito
Muito além dos vídeos engraçados e do carisma natural, Julia Mendes enxerga nas redes sociais uma ferramenta poderosa de impacto na vida das pessoas.
“O retorno que recebo é o que me dá mais força para continuar. Já recebi mensagens de seguidoras que saíram de relacionamentos tóxicos depois de ver um vídeo meu, de gente que voltou a se exercitar, que enfrentou o luto com menos culpa. Isso é muito poderoso”, conta.
Desde a morte da mãe, Julia passou a tratar o luto com mais presença nas redes. “Foi a maior dor da minha vida. E pensei: se eu tô passando por isso, por que não transformar essa vivência em acolhimento para outras pessoas?”
Para ela, influenciar não é sobre ganhar números, é sobre criar vínculos. “Trabalhar com internet tem que ser como no teatro: artesanal, verdadeiro, de dentro pra fora. E com muito cuidado no discurso. O que a gente fala pode afetar a vida das pessoas de formas que nem imaginamos.”
Arte não aceita meio-termo
Julia Mendes não romantiza a carreira artística. Ao contrário: fala com franqueza sobre os desafios da profissão e a necessidade de ter paixão verdadeira pelo que se faz. Para quem sonha em seguir o mesmo caminho, o conselho é direto:
“Tem uma entrevista da Fernanda Montenegro que me marcou muito. Ela defende algo como: não venham para as artes se não for a sua única forma de respirar. E eu concordo totalmente. Essa é uma profissão linda, mas muito dura. Você precisa querer com o corpo inteiro.”
A atriz lembra que o reconhecimento não vem na mesma medida do talento. “Não é uma carreira meritocrática. Ser bom no que você faz não garante que as portas vão se abrir. Você precisa ter coragem, paciência, resiliência… e muito amor.”
Para Julia, seguir esse caminho é um ato de entrega total — e, quando é de verdade, cada esforço vale a pena.
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