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08 de jul 2025

Como personagens secundários estão roubando a cena e dando uma nova vida a franquias

Com os principais de lado, o cenário cinematográfico se vê com cada vez mais obras que atraem o público com aparições pouco relevantes anteriormente

‘Coração de Ferro’ apresenta uma personagem antes secundária agora como principal- Foto: Divulgação/Marvel Studios

‘Coração de Ferro’ apresenta uma personagem antes secundária agora como principal- Foto: Divulgação/Marvel Studios

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Algumas semanas atrás, a Marvel lançou a série "Coração de Ferro", que traz a personagem Riri Williams, que constrói uma armadura parecida com a do Homem de Ferro. Riri foi criada anteriormente nos quadrinhos da Marvel, mas tinha pouca relevância; agora, ela é a protagonista de uma série inédita, depois de aparecer em Pantera Negra 2.

Nos últimos anos, é possível perceber um padrão: personagens pouco conhecidos ou secundários de uma franquia ganham séries ou filmes próprios dentro do mesmo universo. Essa popularidade tem vários motivos, e a seguir apresentamos tudo acerca dessa nova mudança que transformou o cenário cinematográfico.

Como as franquias estão renovando suas narrativas

Ultimamente, personagens secundários têm ganhado mais destaque, seja em filmes ou séries próprias. Isso acontece principalmente no universo dos super-heróis, que é repleto de personagens, muitos deles pouco conhecidos ou que não são protagonistas em suas histórias.

Isso é popularmente feito através de alguns tipos de narrativas, a mais comum delas são os spin-offs: obras de um universo ou franquia que trazem uma história nova, mas separada da trama principal. Alguns exemplos disso incluem a série Loki (antagonista de Thor), Peacemaker (derivada do Esquadrão Suicida) e The Mandalorian (do universo Star Wars).

Outra forma comum são as prequels, histórias que mostram a origem de um personagem ou de um cenário antes da trama principal. Elas ajudam a explicar motivações, aprofundar a narrativa e expandir o universo, esse é o caso de Cruella (prequel da personagem Cruella de Vil, de 101 Dálmatas) e Han Solo: Uma História Star Wars, que explora as primeiras aventuras de Han Solo e Chewbacca.

Por que essas obras estão cada vez mais fortes?

Existem diversos fatores que influenciam o crescimento de obras que exploram personagens secundários, desde questões de mercado até a aceitação do público.

Um dos principais motivos para o crescimento dessas histórias é que, ao focar em personagens secundários ou pouco conhecidos, as franquias se mantêm relevantes e atraem atenção sem depender do protagonista principal. Isso oferece mais liberdade criativa aos roteiristas para explorar novas perspectivas dentro do mesmo universo e evita que o público se canse de ver sempre o mesmo personagem nas produções.

A criatividade é muito explorada nessas novas séries, mas o excesso dela ao criar personagens do zero pode ser um desafio para o sucesso. Desenvolver uma narrativa totalmente nova exige mais tempo e pode não agradar ao público. Já com personagens secundários, existe uma base de história e um reconhecimento maior do público, o que traz mais visibilidade desde o início e reduz os riscos de fracasso.

Principalmente quando falamos de séries no estilo de spin-off, elas funcionam como laboratórios para a equipe narrativa, que testam novos gêneros, estilos e apresentam personagens sem afetar a trama principal. Isso é comum hoje, especialmente com a popularização dos multiversos nas franquias da Marvel. Se a ideia der certo, pode ser repetida e até incorporada à história principal; se falhar, será apenas mais um spin-off, sem alterar a narrativa original.

Por fim, outro fator que reforça a mudança no mercado cinematográfico nos últimos anos está ligado aos serviços de streaming. Por oferecerem milhares de conteúdos acessíveis onde e quando quiser, a demanda por novas produções aumentou – e muito –. Com isso, séries com personagens secundários se tornam atrativas, já que partem de uma base já conhecida pelo público, exigem menos tempo de desenvolvimento e ainda aproveitam o apelo de uma franquia consolidada. A combinação entre menor tempo de trabalho e maior chance de engajamento ajuda a explicar o crescimento constante dessas obras.

O papel dos multiversos nesta nova era

Do meio para o fim da década de 2010, o mercado cinematográfico teve uma grande explosão no conceito de multiverso, que consiste em franquias formadas por várias histórias, cada uma ambientada em um universo diferente e sem ligação direta com as outras narrativas.

Embora o conceito de multiverso exista há muito tempo, especialmente nos quadrinhos de super-heróis, ele se popularizou no cinema com filmes como Vingadores: Ultimato (2019) e Homem-Aranha no Aranhaverso (2018). A partir daí o conceito de Multiverso explodiu, e hoje em dia é comum ver uma franquia adaptando multiverso em suas narrativas.

O multiverso por sua vez oferece uma grande liberdade criativa para explorar personagens em diferentes contextos, sem se preocupar com a trama principal. Isso vale especialmente aos personagens secundários, que podem ser desenvolvidos em universos alternativos com mais liberdade, já que essas histórias não interferem diretamente na narrativa central.

Mais do que uma jogada de marketing para agradar o público, dar espaço a personagens secundários virou parte da lógica da indústria. Quando um estúdio transforma um coadjuvante em protagonista, ele renova o interesse, testa estilos diferentes e expande um universo que o público já conhece — tudo isso com menos risco criativo e financeiro. É uma forma de manter as franquias ativas e variadas, sem abrir mão da familiaridade que sustenta as grandes marcas do entretenimento.

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