PSP volta a ganhar fama novamente entre os gamers

Nos últimos anos, uma febre dominou o mundo dos jovens: a estética Y2K. Seja no jeito de se vestir, nas músicas que ouvem e até mesmo nos aparelhos que usam, essa era visual voltou com tudo.

O Y2K nada mais é do que o estilo dos anos 2000, do início da era tecnológica, quando tudo era mais brilhante e intenso, e a internet ainda era uma terra pouco habitada. O retorno desse estilo à atualidade veio principalmente por meio de roupas, acessórios e inclusive aparelhos eletrônicos.

Um destes aparelhos que mais marcaram essa época foram as antigas câmeras digitais, como as Cybershots. Em um mundo de fotos impecáveis, as imagens com qualidade menor passaram a ser associadas à naturalidade e à beleza.

Mas não é só na parte estritamente estética que os aparelhos se reinventaram. No mundo dos jogos, a portátil da Sony, o PlayStation Portable, mais conhecido como PSP, também voltou a ganhar destaque nos últimos anos, impulsionado pelo retorno do Y2K. Seu visual, que valoriza o maximalismo e elementos mais antigos, contrasta com o perfeccionismo tecnológico atual.

Hoje em dia, é comum ver pessoas na internet postando fotos de seus PSPs, personalizados com chaveiros, carcaças transparentes e outros detalhes que reforçam o estilo dos anos 2000. Além da estética, o interesse por jogos mais antigos também voltou, com gráficos e jogabilidade típicos do início da nova geração de portáteis, quando as empresas ainda testavam como adaptar jogos mais pesados para consoles pequenos.

A história do PSP

Lançado em dezembro de 2004 no Japão e em março de 2005 nos Estados Unidos, o PSP foi o primeiro portátil da Sony e principal concorrente do Nintendo DS, que já contava com a experiência da Nintendo no mercado, acumulada desde o Game Boy.

A primeira versão, chamada PSP-1000, tinha uma tela LCD widescreen de 4,3″ (480×272), processador MIPS R4000 de 222–333 MHz, GPU de 166 MHz e 32 MB de RAM. Contava ainda com Wi-Fi 802.11b, infravermelho, slot para Memory Stick Duo, bateria de 1.800 mAh e pesava 280 gramas.

Porém, o PSP não tinha como objetivo ser apenas um console portátil, mas sim um aparelho multimídia, capaz de tocar músicas, exibir filmes e, claro, rodar jogos. Para isso, a Sony criou o Universal Media Disc (UMD), um disco menor que os convencionais, com cerca de 60 mm de diâmetro e 4,2 mm de espessura, que armazenava até 900 MB em camada simples e 1,8 GB em dupla camada. Os UMDs eram vendidos com jogos, filmes ou músicas e eram inseridos no compartimento traseiro do console.

Mesmo sendo o primeiro portátil da Sony, o PSP fez um grande sucesso e vendeu mais de 70 milhões de unidades até 2012, quando sua produção foi encerrada. Ele ocupa o 12° lugar entre os consoles mais vendidos da história, superando até sua versão aprimorada, o PS VITA.

Com o tempo, a Sony lançou outras versões do PSP: o PSP-2000, apelidado de Lite, com carregamento de jogos mais rápido; o PSP-3000, conhecido como Brite, com cores mais vivas; o PSP GO, com botões retráteis, mais compacto, mas mais lento; e o PSP E-1000, ou Street, uma opção mais econômica na época.

A biblioteca de jogos do PSP é enorme, principalmente para um portátil, com cerca de 1.063 títulos, incluindo os exclusivos do Japão. A variedade é ampla, e incluem por exemplo o primeiro GTA em 3D para portáteis, Liberty City Stories; Crisis Core: Final Fantasy VII, uma prequel de Final Fantasy VII; God of War: Chains of Olympus, considerado um dos mais bonitos do console; e LocoRoco, um jogo casual e inovador que mostra como títulos desse tipo funcionam bem no portátil.

Mas um dos principais fatores para a fama atemporal do PSP foi a facilidade de pirataria. O sistema era simples de burlar do ponto de vista técnico, o que atraiu uma grande comunidade de “modders”, pessoas que modificam consoles. Eles transformaram o PSP em um emulador de outras plataformas, como o PlayStation 1, e também permitiram mudanças de temas e o download gratuito de jogos.

Com o tempo, a Sony parou sua produção e lançou o PS Vita, sucessor do PSP, com mais potência, gráficos melhores, tela sensível ao toque, dois analógicos físicos e integração com a PlayStation Network, o que ofereceu uma experiência portátil mais próxima à de um console doméstico. Apesar disso, não fez tanto sucesso quanto seu antecessor.

O motivo da volta de sua popularidade

Um dos principais motivos para o retorno da popularidade do console é justamente a estética Y2K, que está bem presente nos botões traseiros translúcidos, na tela LCD nostálgica e no visual dos jogos da época, que aumentam ainda mais esse charme.

A possibilidade de personalização é outro fator importante, tanto na parte física quanto no software. O console conta com uma vasta biblioteca de jogos que pode ser baixada gratuitamente e ainda funciona como emulador de outras plataformas. Na estética, é possível baixar temas para personalizá-lo, modificar a carcaça e até adicionar chaveiros no vão inferior direito, originalmente destinado ao “strap” de segurança.

O PSP também oferece um ótimo custo-benefício para um portátil. Diferente de modelos atuais, como o Nintendo Switch 2, que pode passar de R$4 mil, sem contar os jogos que ultrapassam R$400, um PSP usado pode ser encontrado entre R$500 e R$900.

O fator nostálgico também é essencial, tanto para quem quer reviver a própria adolescência quanto para novos jovens que buscam experimentar uma época em que a tecnologia era mais simples e menos presente no dia a dia. Para a nova geração, os dispositivos e estilos do passado funcionam como uma válvula de escape para algo mais analógico, que os desconecta do mundo hiperconectado atual.