Funk brasileiro pode conquistar o mundo, aponta revista britânica

A atenção internacional se voltou para o Brasil após o filme "Ainda Estou Aqui" conquistar o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2 de março. A trilha sonora do filme reforça a imagem do Brasil como o país do samba e da bossa nova, mas a revista britânica "The Economist" considera essa visão "desatualizada". Segundo a publicação, os brasileiros contemporâneos preferem gêneros como o sertanejo e o funk, sendo que o funk, originado nas favelas do Rio, tem potencial para se tornar um fenômeno global.

Leo Morel, da Midia Research, observa que, embora a produção musical brasileira tenha se concentrado no Rio, os estados rurais estão ganhando destaque à medida que a agricultura se torna mais relevante. Os temas do sertanejo, que incluem gado e caminhonetes, dominam o cenário, mas o estilo apresenta pouco potencial de exportação, com poucos artistas buscando reconhecimento internacional. Em contraste, o funk, que surgiu no final da década de 1980, é descrito como um gênero que pode ser mais impactante globalmente, apesar de suas letras frequentemente abordarem temas de violência.

A revista também destaca a trajetória da cantora Anitta, que se tornou um símbolo da nova música brasileira. Anitta trabalhou arduamente para conquistar o mercado internacional, aprendendo idiomas e assinando com a gravadora Republic Records. Em 2022, ela se tornou a primeira brasileira a alcançar o topo das paradas globais do Spotify com a música "Envolver". A dificuldade enfrentada por artistas brasileiros para alcançar um público global é ressaltada, especialmente em comparação com superestrelas como Beyoncé e Kanye West, que recentemente incorporaram batidas de funk em seus trabalhos.

Roberta Pate, do Spotify Brasil, aponta que a América Latina, apesar de representar apenas 8% da população mundial, é responsável por quase um quarto dos usuários ativos mensais da plataforma. A consistência na dedicação dos artistas para conquistar o público global é vista como um fator crucial para o sucesso de gêneros internacionais. A revista sugere que, se Anitta continuar a trilhar esse caminho, o crescimento global do funk pode estar próximo.