Elis Regina e Tom Jobim: a conexão musical que transformou a MPB

Elis Regina, que completaria 80 anos nesta segunda-feira, 17 de março, é uma das intérpretes mais icônicas do Brasil, associada ao lançamento de novos compositores. Após um início comercial, ela se destacou com a ajuda de Edu Lobo, gravando sucessos como "Arrastão" e "Upa neguinho". Edu a apresentou a Gilberto Gil, com quem gravou várias canções, e também a Milton Nascimento, cuja timidez a intrigava. A primeira gravação de Milton com Elis foi "Canção do sal", em 1966, seguida de outras como "Maria, Maria".

Elis também teve um papel fundamental na carreira de Chico Buarque, que hesitou em mostrar suas composições. A canção "Atrás da porta", de Chico, se tornou um marco em sua trajetória. João Bosco, que começou a parceria com Aldir Blanc, destacou que Elis fez com que suas músicas se tornassem populares. A canção "O bêbado e a equilibrista" se transformou em um hino pela volta dos exilados políticos, evidenciando a importância de Elis na música brasileira.

Ivan Lins, que compôs sucessos para Elis nos anos 1970, como "Madalena", ressaltou sua falta no cenário atual. Ele acredita que, se estivesse viva, Elis continuaria a impactar novas gerações com seu ativismo. Conhecida por seu temperamento explosivo, Elis, apelidada de Pimentinha, desafiava compositores a surpreendê-la, como fez com Tim Maia e Belchior, que tiveram suas vidas transformadas por ela.

Antonio Carlos Jobim é o compositor mais gravado por Elis, com 24 músicas. Inicialmente, ela gravou apenas três canções de Jobim em seus primeiros dez anos de carreira. A parceria se consolidou a partir de 1971, culminando no álbum "Elis & Tom", gravado nos Estados Unidos em 1974. O projeto, que envolveu resistência de Jobim, foi um marco na carreira de Elis e resultou em um documentário recente, "Elis e Tom, s tinha de ser com você". A relação entre Elis e Jobim foi marcada por desafios, incluindo a resistência inicial do compositor em trabalhar com ela.