Estudo revela que um em cada três homens australianos usa violência contra parceiras

Mais de um em cada três homens na Austrália relatou usar violência contra parceiros íntimos, segundo um estudo inédito. A pesquisa, parte do estudo longitudinal "Ten to Men", realizado pelo Instituto de Estudos da Família da Austrália, envolveu cerca de 24 mil homens e meninos. O levantamento revelou que a violência de gênero está aumentando, mesmo com a atenção nacional ao problema.

Os dados mostram que, entre 2013 e 2014, aproximadamente um em cada quatro homens (24%) admitiu ter cometido violência contra parceiros íntimos. Esse número subiu para um em cada três (35%), o que representa cerca de 120 mil homens praticando esse tipo de violência anualmente. A pesquisa inclui abusos emocionais, físicos e sexuais.

Desde o início de 2022, cem mulheres foram assassinadas na Austrália, conforme dados do projeto "Counting Dead Women". Em resposta, o governo australiano lançou um plano nacional de dez anos para acabar com a violência contra mulheres e crianças, priorizando a promoção da igualdade de gênero. No entanto, protestos recentes exigem ações mais efetivas.

Dados Alarmantes

O estudo "Ten to Men" também destacou que a violência emocional é a forma mais comum de abuso, com 32% dos homens relatando que fizeram suas parceiras se sentirem assustadas ou ansiosas. Além disso, 9% admitiram ter agredido fisicamente suas parceiras.

A pesquisa identificou que homens com sintomas depressivos moderados ou severos têm 62% mais chances de usar violência contra parceiros íntimos. Aqueles com pensamentos suicidas também apresentaram um aumento de 47% na probabilidade de cometer abusos.

Importância das Relações Paternas

Os resultados do estudo sugerem que relações afetivas com figuras paternas podem influenciar o comportamento violento. Homens que relataram ter recebido afeto de um pai ou figura paterna durante a infância foram 48% menos propensos a usar violência contra parceiros íntimos. A pesquisa enfatiza a necessidade de iniciativas que promovam a saúde mental masculina e programas de apoio para pais jovens.

Susan Heward-Belle, professora da Universidade de Sydney, destacou a importância de os pais modelarem respeito e empatia. A pesquisa revela que, embora a responsabilidade pela educação emocional tenha sido historicamente atribuída às mulheres, é crucial que os homens também desempenhem um papel ativo na formação de valores nas crianças.