O risco de confiar no chat GPT como terapeuta e suas consequências perigosas

A crescente utilização de inteligências artificiais (IAs), como o ChatGPT, tem gerado preocupações entre especialistas em saúde mental. O psicólogo Damião Silva alerta que essas ferramentas podem substituir o papel dos profissionais, bloqueando o autoconhecimento e reforçando crenças disfuncionais.

Conversar com uma IA pode ser útil para organizar pensamentos e desabafar, mas essa prática pode se tornar problemática. Silva destaca que a lógica dos algoritmos impede o confronto interno, essencial para o autoconhecimento. As IAs oferecem uma experiência positiva e fluida, o que pode levar à validação contínua das opiniões do usuário, dificultando o desenvolvimento emocional profundo.

Esse mecanismo de engajamento pode criar uma bolha cognitivo-emocional, onde crenças que deveriam ser questionadas são reafirmadas. O uso constante de IAs para apoio emocional pode gerar um falso senso de clareza, travando o autoconhecimento. O psicólogo enfatiza que o crescimento pessoal ocorre quando somos desafiados a refletir sobre nós mesmos.

Limitações da IA na Saúde Mental

Além das questões emocionais, as IAs não têm preparo técnico ou ético para lidar com casos clínicos complexos. Situações como ideação suicida ou transtornos mentais graves exigem acompanhamento humano especializado. A relação terapêutica envolve empatia, escuta e compreensão, aspectos que a IA não consegue reproduzir adequadamente.

Embora a IA possa ser uma ferramenta útil para reflexões iniciais e organização de pensamentos, ela deve ser vista como um complemento, não um substituto. O uso de tecnologias como o ChatGPT tem valor informativo, mas não deve substituir o acompanhamento psicológico humano, especialmente em contextos de alta complexidade emocional.

O desconforto e o confronto interno são fundamentais para o autoconhecimento, e apenas um terapeuta humano pode proporcionar essa experiência.