Café pede aos EUA fim de tarifas e alerta sobre risco de marcas desaparecerem

O setor de café brasileiro enfrenta desafios significativos devido às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, que afetam diretamente a exportação do grão. O Brasil, que representa 30% do mercado americano de café, é o principal fornecedor do país. Em resposta, o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) solicitou formalmente a exclusão do café dessas tarifas, destacando o impacto negativo que isso pode ter em marcas tradicionais americanas.

Na carta enviada ao USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), o Cecafé enfatizou que o café brasileiro é essencial para a economia dos EUA, onde 76% da população consome a bebida. O setor gerou US$ 343 bilhões anuais, representando 1,2% do PIB americano. Além disso, cada US$ 1 gasto em café importado gera US$ 43 adicionais na economia dos EUA. O documento também menciona que a imposição de tarifas pode resultar em aumentos significativos de preços e inflação, afetando diretamente os consumidores.

Medidas do Governo Brasileiro

Em resposta à situação, o governo brasileiro anunciou um plano de contingência para apoiar as empresas afetadas. O Plano Brasil Soberano inclui uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões, adiamento de impostos federais e reformulação nas garantias à exportação. Essas medidas visam mitigar os efeitos da tarifa e facilitar a busca por novos mercados.

Os dados do Cecafé mostram que a exportação de café verde do Brasil caiu 28,1% em julho em comparação ao ano anterior, com empresas americanas solicitando adiamento de embarques enquanto aguardam uma solução para as tarifas. O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, mencionou a possibilidade de triangular a exportação do café, vendendo grãos para outros países antes de serem enviados aos EUA, como forma de contornar as tarifas.

Impacto no Mercado

O impacto das tarifas já é visível, com o preço da libra de café subindo de US$ 2,70/2,80 para US$ 3,40. Marcas icônicas como Folgers e Maxwell House, que dependem do café brasileiro, podem ser prejudicadas. O Cecafé alerta que a alteração nos blends pode levar ao desaparecimento de marcas tradicionais, afetando a economia americana e o mercado de café.

O setor de café brasileiro, que conta com 264,9 mil cafeicultores, dos quais 72% operam pequenas propriedades, também destaca a importância da proteção ambiental. As áreas de cultivo de café preservam 51.500 km² de reservas legais e florestas nativas, contribuindo para a sustentabilidade. A situação atual exige atenção e ação para garantir a continuidade da parceria entre Brasil e EUA no setor cafeeiro.