12 de ago 2025
Cidades brasileiras que subsidiam transporte público aumentam significativamente desde a pandemia
O aumento de subsídios no transporte público revela uma nova realidade urbana, mas a eficiência do sistema ainda é um desafio para as cidades brasileiras

Movimentação de passageiros em ponto de ônibus na avenida Paulista; aumenta número de cidades que custeiam parte do transporte público (Foto: Zanone Fraissat - 3.out.23//Folhapress)
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O número de municípios brasileiros que subsidiam o transporte público dobrou desde a pandemia, segundo dados da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). Em 2019, eram 120 cidades que injetavam recursos no setor, enquanto em maio de 2023 esse número subiu para 241. Nas capitais, o aumento foi ainda mais expressivo, passando de 9 para 20 cidades.
A mudança no comportamento da população, com o aumento do trabalho remoto e a ascensão de serviços por aplicativo, contribuiu para a queda no número de passageiros pagantes. Além disso, o envelhecimento da população resultou em um aumento na gratuidade das passagens para idosos. O anuário destaca que os subsídios atualmente cobrem apenas 30% dos custos do sistema, muito abaixo dos 50% observados em países europeus.
Tarifa Zero e Aumento da Demanda
Atualmente, 154 cidades adotaram a tarifa zero, um aumento significativo em relação às 41 cidades que implementaram essa medida em 2019. Em 12 dessas cidades, a demanda por viagens de ônibus cresceu entre 33% e 371% após a adoção da tarifa zero. O urbanista Anthony Ling classifica o modelo de financiamento do transporte público como uma "bomba relógio", ressaltando que a pandemia quebrou o tabu de que prefeituras não deveriam subsidiar o setor.
Rafael Calábria, pesquisador de mobilidade do BR Cidades, aponta que a falta de concorrência e licitações adequadas para as empresas de ônibus compromete a qualidade do serviço. Ele sugere que o pagamento por quilômetro rodado, em vez de por passageiro, poderia melhorar a eficiência do sistema.
Desafios e Futuro do Transporte Público
Os dados de 2024 indicam uma leve recuperação no setor, com um aumento de 9,8% no número total de passageiros transportados. No entanto, a proporção de passageiros pagantes caiu para 56,7%, em comparação com 72% em 2021. A idade média da frota de ônibus permanece em 6 anos e 5 meses, e os investimentos em infraestrutura de mobilidade urbana continuam estagnados.
A NTU alerta que a ausência de infraestrutura dedicada ao transporte público resulta em maior tempo de deslocamento e menor eficiência operacional. O cenário atual exige uma abordagem integrada que considere o transporte coletivo como um eixo central no planejamento urbano e no desenvolvimento sustentável das cidades.
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