JBS e Marfrig enfrentam crise com aumento de tarifas de 50% nos EUA

Gigantes do setor de proteína animal, as empresas JBS e Marfrig enfrentam um novo desafio nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira, impactando diretamente as operações dessas empresas que dependem da importação de carne do Brasil. Atualmente, a carne já enfrenta tarifas de 26,5%, e a nova taxa pode dificultar as expectativas de crescimento nas vendas para o mercado americano.

As operações da JBS nos EUA, que incluem 90 unidades produtivas, são fundamentais para a empresa, que chegou ao país em 2007. A JBS Friboi, por exemplo, exporta carne tanto para a JBS USA quanto para outros frigoríficos locais. O rebanho bovino americano, embora seja o maior do mundo, está em declínio, resultando na menor produção das últimas cinco décadas. Com isso, os frigoríficos locais se tornam cada vez mais dependentes de importações.

Impacto nas Exportações

Em 2022, o Brasil exportou US$ 1,3 bilhão em carne bovina para os EUA, um aumento significativo em relação aos US$ 400 milhões de 2020. Antes do anúncio das novas tarifas, esperava-se um crescimento de 70% nas exportações para este ano, totalizando 408 mil toneladas. Agora, o setor busca entender se a nova tarifa se somará à existente ou se será o valor final.

A Marfrig, que adquiriu a National Beef em 2018, também está em uma posição delicada. Com a fusão com a BRF em andamento, a empresa se torna a segunda maior produtora de proteína animal nos EUA, atrás apenas da JBS. Ambas as empresas têm buscado alternativas para mitigar os impactos das tarifas, considerando mercados como Japão, México e Canadá.

Alternativas para o Mercado

Apesar do choque de preços, os exportadores brasileiros têm opções. O Brasil, com sua pecuária extensiva, oferece preços competitivos, com a arroba do boi gordo custando cerca de R$ 300 no Brasil, em comparação a R$ 620 nos EUA. Além disso, o país abriu novos mercados, como o Japão, que estava fechado por questões fitossanitárias.

Outra alternativa em análise é a exportação de gado vivo para o Paraguai, onde a Minerva já possui operações. O preço do boi no Paraguai é apenas 5% a 10% mais caro que no Brasil, o que pode tornar essa opção viável. Atualmente, 8% da carne brasileira exportada tem como destino os EUA, que é o segundo maior mercado, atrás da China. Antes do tarifaço, esperava-se que essa participação subisse para 14%. JBS e Marfrig ainda não se pronunciaram sobre os impactos das novas tarifas.