Polo de frutas do São Francisco alerta para colapso e pede ajuda a Lula

O Vale do São Francisco, localizado entre Pernambuco e Bahia, enfrenta uma crise iminente devido à nova tarifa imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que pode afetar drasticamente as exportações de manga. A taxa, que entra em vigor em 1º de agosto, coincide com o início da janela americana de vendas, período crucial para a exportação da fruta, que se estende até novembro.

Em 2024, a região enviou 34 mil toneladas de manga para os EUA, representando mais de 50% da produção local durante a principal safra. A Valexport, associação dos produtores e exportadores de hortigranjeiros, alertou em carta enviada ao governo brasileiro e à Embaixada dos EUA sobre os "efeitos devastadores" da tarifa, que pode levar ao colapso do setor, responsável por 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos.

Impacto Econômico

A região movimenta cerca de US$ 500 milhões anualmente em exportações, com a manga sendo a fruta de maior valor na balança comercial do setor. A nova tarifa compromete o principal canal de escoamento da produção, e a Valexport destaca que o mercado europeu não tem capacidade para absorver a demanda que seria destinada aos EUA. O diretor da Valexport, Tassio Lustoza, afirma que "não há possibilidade do mercado europeu absorver a demanda reprimida dos EUA".

Além disso, a alternativa de exportar para países asiáticos é limitada, pois esses mercados são pequenos e não conseguem absorver o volume necessário. Os compradores americanos indicam que, se a tarifa permanecer, poderão receber apenas 30% do volume esperado.

Consequências para a Fruticultura

O Vale do São Francisco é um exemplo de sucesso na fruticultura irrigada no semiárido brasileiro, com 130 mil hectares dedicados ao cultivo de frutas, como manga e uva. A produção anual de frutas na região chega a 1 milhão de toneladas. Segundo o pesquisador da Embrapa, João Ricardo Lima, a falta de vendas para os EUA pode gerar um efeito em cadeia, reduzindo a lucratividade de produtores e afetando o mercado interno.

A situação é crítica, pois a não exportação da fruta pode derrubar os preços no mercado interno, prejudicando ainda mais os agricultores locais. A pressão sobre o setor é intensa, e a continuidade das operações na região está em risco, com a expectativa de que a tarifa possa inviabilizar a logística e o comércio para o mercado americano.