16 de jul 2025
Crenças em feitiçaria moldam a política africana e geram divisões sociais
Políticos em Uganda misturam campanhas eleitorais com rituais de feitiçaria, enquanto o medo de adversários cresce entre candidatos.
Seer Atukung Tafala fala durante uma entrevista com a Associated Press do lado de seu santuário em forma de iglu em Kampala, Uganda, no sábado, 21 de junho de 2025. (Foto: AP Photo/Hajarah Nalwadda)
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MBALE, Uganda — A política em Uganda é profundamente influenciada pelo medo de feitiçaria, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando. O candidato ao Parlamento, Wilson Watira, destacou como esse temor molda as interações entre políticos. Recentemente, ao encontrar um rival em um funeral, Watira notou que o homem evitou o contato físico, temendo que isso lhe trouxesse má sorte.
As campanhas eleitorais em Uganda frequentemente misturam ostentação e práticas espirituais. Políticos organizam desfiles extravagantes, mas muitos também buscam a ajuda de curandeiros tradicionais, acreditando que rituais e feitiços podem garantir vitórias. Watira, que lidera um grupo representando os Bamasaba, afirmou que a superstição é um desafio constante na política local. Ele observou que a desconfiança em relação ao outro pode levar a comportamentos estranhos, como o que presenciou.
A Influência dos Curandeiros
A crença em práticas tradicionais é comum entre os políticos ugandenses. Steven Masiga, pesquisador e líder cultural, afirmou que há uma "reliance crazy" em curandeiros, com muitos candidatos destinando parte de seus fundos de campanha para esses serviços. Ele citou um caso em que um político, incentivado por um curandeiro, realizou um ritual extremo que resultou em sua vitória.
O presidente Yoweri Museveni, que busca um sétimo mandato, já expressou respeito por curandeiros, reconhecendo a força da religião tradicional. Em um discurso, ele lembrou de rituais que realizou durante sua ascensão ao poder em 1986. Essa relação entre política e práticas espirituais continua a gerar controvérsias, especialmente entre líderes religiosos que condenam tais ações.
O Dilema dos Candidatos
Enquanto alguns políticos se sentem pressionados a consultar curandeiros, outros, como Peace Khalayi, candidata a representante das mulheres, resistem a essa prática. Khalayi mencionou que, embora sinta a pressão de seus apoiadores, não se sente confortável em realizar rituais tradicionais, como sacrifícios de animais. Ela reconhece, no entanto, que a preocupação com a proteção contra adversários é uma constante.
A intersecção entre fé cristã e tradições africanas em Uganda revela um cenário político complexo, onde o medo e a superstição desempenham papéis significativos. À medida que as eleições se aproximam, a influência dos curandeiros e a luta por poder continuam a moldar a dinâmica política do país.
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