17 de jul 2025
PF apura ligação entre morte de fiel e Testemunhas de Jeová em Mato Grosso do Sul
Ministério Público Federal investiga suicídio de ex membro das Testemunhas de Jeová após trabalho forçado e maus tratos em fazenda.

Família alega que Paulo, morto aos 53, foi vítima de trabalho escravo e outros crimes supostamente cometidos por lideranças da congregação das Testemunhas de Jeová (Foto: Arquivo pessoal)
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A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) investigam a morte de Paulo Amaro Freire, ex-membro das Testemunhas de Jeová, ocorrida em 19 de dezembro de 2023, em Bataguassu (MS). Paulo, de 53 anos, tinha um histórico de esquizofrenia e era considerado incapaz para o trabalho, recebendo aposentadoria por invalidez. A família alega que ele foi submetido a trabalho forçado em uma fazenda da igreja, sem acesso a medicação e alimentação adequada.
Após sua morte, a família registrou uma ata notarial denunciando maus-tratos, o que levou o MPF a reabrir a investigação, que havia sido arquivada anteriormente. O advogado da família, Enio Martins Murad, apresentou novos elementos que indicam que Paulo foi vítima de exploração por parte de líderes da congregação. O MPF determinou a remessa dos autos à Polícia Federal de Três Lagoas (MS) para novas diligências.
Denúncias de Maus-Tratos
De acordo com os familiares, Paulo foi levado para a fazenda Avaré, onde trabalhou por mais de dez dias sem sua medicação, alimentando-se apenas de pão e água. Ao retornar para casa, apresentava sinais de desnutrição e confusão mental, tendo perdido treze quilos. A ata notarial revela que a família tentou contatar os líderes da igreja diversas vezes, mas não obteve resposta.
A irmã de Paulo, Maria de Fátima Freire, afirmou que procurou as autoridades locais antes da morte do irmão, denunciando a exploração de uma pessoa incapaz. Contudo, as denúncias não foram registradas. A família acredita que a liderança da igreja se aproveitou da condição de Paulo para explorá-lo, ignorando laudos médicos que comprovavam sua incapacidade.
Impacto Psicológico e Isolamento
Nos últimos dias, Paulo manifestou comportamentos estranhos, afirmando estar errado. A família relata que, após uma visita de anciãos da igreja, ele cometeu suicídio. O advogado Murad destaca que a prática de isolamento, comum entre os membros da congregação, pode ter contribuído para a tragédia, levando Paulo a um estado de vulnerabilidade extrema.
A ata notarial também menciona que Paulo havia registrado um documento em cartório, nomeando um ancião da igreja como procurador para impedir transfusões de sangue em emergências, alinhando-se às doutrinas da congregação. A família ainda não ingressou com ação cível, mas busca responsabilizar os envolvidos na esfera criminal e alertar a sociedade sobre as práticas da seita.
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