Hóquei se torna símbolo de resistência canadense em meio a tensões com os EUA

Na última quinta-feira, o Bell Centre, em Montreal, foi palco de um jogo decisivo entre os Canadiens e os Bruins de Boston, dois dos seis times originais da NHL. Com a vitória dos Canadiens por quatro a um, a equipe se aproximou da classificação para os playoffs, enquanto os Bruins, após uma sequência de nove derrotas, buscavam apenas honrar sua história. O jogo também foi o primeiro após a implementação das tarifas de Donald Trump, o que gerou expectativa sobre a reação da torcida.

A rivalidade entre as equipes se intensificou em um contexto de tensões políticas entre Canadá e Estados Unidos, especialmente após Trump ter imposto tarifas de 25% sobre produtos canadenses, como carros e aço. A situação transformou o hockey em um espaço de resistência, com torcedores vaiando o hino americano e adotando a expressão "elbows up" como um símbolo de luta e resiliência. Essa frase, associada ao ícone do hockey Gordie Howe, reflete a determinação dos canadenses em se opor às políticas do presidente americano.

O clima de rivalidade também se manifestou em eventos recentes, como a vitória do Canadá sobre os Estados Unidos em um torneio amistoso, que foi celebrada pelo primeiro-ministro Justin Trudeau. A vitória foi vista como uma reafirmação da identidade canadense em meio a provocações externas. A expressão "elbows up" ganhou popularidade, sendo utilizada em protestos e até em aparições na mídia, como no programa Saturday Night Live, onde o comediante Mike Myers a destacou.

Além disso, a relação entre hockey e política no Canadá é histórica. O esporte tem sido utilizado por líderes políticos para se conectar com a população. O ex-primeiro-ministro Stephen Harper, por exemplo, escreveu um livro sobre a origem do hockey e nomeou uma nova estrada em homenagem a Gordie Howe. A rivalidade no gelo, portanto, transcende o esporte, refletindo um contexto mais amplo de identidade nacional e resistência cultural.