Tennis enfrenta crise de confiança no sistema anti-doping após casos de Jannik Sinner e Iga Świątek

Nos últimos meses, o mundo do tênis tem enfrentado polêmicas relacionadas a casos de doping envolvendo jogadores de alto escalão, como o italiano Jannik Sinner e a polonesa Iga Świątek. Em 15 de fevereiro, a Agência Mundial Antidoping (WADA) anunciou que Sinner aceitou uma suspensão de três meses para resolver seu caso, evitando assim o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS). Essa decisão reacendeu o debate sobre a justiça do sistema antidoping, especialmente porque a duração da suspensão não o impede de participar de torneios de Grand Slam. O jogador de duplas Vasek Pospisil criticou a falta de confiança no processo, afirmando que “não há absolutamente nenhuma confiança, isso é certo”.

A situação gerou descontentamento entre os jogadores, que percebem um tratamento desigual nas sanções. Novak Djokovic mencionou que “a maioria dos jogadores sente que há favoritismo”. Por outro lado, Marjolaine Viret, professora da Universidade de Lausanne, argumentou que as alegações de desigualdade são mais complexas e muitas vezes não são compreendidas pelo público. Os casos de doping são complicados e podem levar anos para serem resolvidos, mas os resultados de Sinner e Świątek não foram considerados excepcionais. John William Devine, especialista em ética e esporte, destacou que a divulgação desses casos é um sinal positivo, pois mostra que as autoridades do tênis não estão ignorando as violações.

O sistema antidoping opera sob o princípio da responsabilidade estrita, onde os atletas são automaticamente responsabilizados se uma substância proibida for encontrada em seu corpo. Silvia Camporesi, professora de ética e esporte, explicou que a violação pode ocorrer mesmo sem intenção de dopar. Tanto Sinner quanto Świątek alegaram que as substâncias proibidas entraram em seus organismos por meio de produtos contaminados. Sinner testou positivo para clostebol, enquanto Świątek foi pega com trimetazidina. A aceitação de suas explicações pela ITIA gerou críticas, especialmente quando comparadas a outros jogadores que enfrentaram punições mais severas.

As disparidades nas punições levantaram questões sobre a eficácia do sistema. Jogadores como Tara Moore e Simona Halep enfrentaram longas suspensões, enquanto Sinner e Świątek não perderam torneios importantes. A ITIA defende que trata todos os casos de forma igual, mas a percepção entre os atletas é de que o sistema falhou. Djokovic e outros jogadores pedem uma reformulação do sistema antidoping, enquanto a PTPA lançou um programa de apoio legal para ajudar atletas em casos de doping. A situação atual evidencia a necessidade de mudanças significativas para garantir um tratamento mais justo e equitativo no esporte.