11 de mar 2025
A ascensão das 'tradwives': influenciadoras promovem a vida tradicional e conservadora
Hannah Neeleman, influenciadora com 10 milhões de seguidores, promove vida tradicional. O movimento "tradwives" glamoriza o papel da dona de casa, gerando polêmica. Pesquisadores apontam conexões entre "tradwives" e ideais de ultradireita. Influenciadoras como Nara Smith e Estee Williams defendem papéis de gênero conservadores. Tendência reflete um desejo por um passado idealizado, ignorando desigualdades históricas.
Capa de livro de receitas para donas de casa no Canadá, na década de 1940 (Foto: Reprodução)
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A influenciadora Hannah Neeleman, de 34 anos, tem conquistado a atenção nas redes sociais com vídeos que mostram sua rotina como dona de casa, onde aparece cozinhando e cuidando dos filhos em sua fazenda em Utah. Com mais de 10 milhões de seguidores no Instagram, ela promove um estilo de vida que enfatiza o trabalho doméstico como um espaço de felicidade, utilizando uma batedeira Kitchen Aid amarela e preparando receitas caseiras. Neeleman, que é bailarina formada pela Julliard, vive com seu marido, Daniel, e seus oito filhos, todos educados em casa.
Esse fenômeno das "tradwives", ou esposas tradicionais, tem atraído outras influenciadoras que, com glamour, promovem a vida doméstica. A ex-modelo Nara Smith, com 4,5 milhões de seguidores, também se destaca ao cozinhar em roupas de grife, reforçando a ideia de que as mulheres devem se dedicar ao lar. Pesquisadores apontam que, embora essas imagens pareçam apolíticas, elas promovem valores conservadores relacionados à maternidade e ao papel da mulher na sociedade.
A tendência das "tradwives" se espalhou globalmente, com influenciadoras brasileiras como Victoria Maria Maciel, que adaptam o conceito ao catolicismo e à cultura local. O estilo de vida dessas mulheres tem sido analisado por veículos como o New York Times, que investiga o sucesso econômico de Neeleman, e a revista Evie, que romantiza a vida de dona de casa. No entanto, especialistas alertam que essa visão nostálgica ignora as desigualdades históricas e sociais que permeiam a ideia de um passado idealizado.
Além disso, a conexão entre as "tradwives" e grupos de extrema direita é um tema recorrente nas análises. Embora muitas influenciadoras não se identifiquem explicitamente como supremacistas brancos, suas narrativas frequentemente refletem valores conservadores e hierarquias de gênero. A autora Eviane Leidig destaca que essas influenciadoras utilizam uma linguagem sutil para promover suas ideologias, enquanto a crítica ao feminismo e a defesa de um estilo de vida tradicional se tornam estratégias de marketing que podem ter consequências perigosas para a sociedade.
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