17 de mar 2025
Imóveis em ruínas ameaçam segurança no Centro do Rio de Janeiro
O Centro do Rio de Janeiro enfrenta desabamentos de imóveis históricos, como o de Julio Agra. Durante o Desfile das Campeãs, parte do casarão da Sociedade de Medicina desabou. A Defesa Civil recebeu 633 pedidos de vistoria em imóveis ameaçados de desabamento. Um novo decreto permite ao município tomar posse de imóveis abandonados, já transferindo dois. O abandono de casarões históricos gera preocupações sobre segurança e preservação cultural.
Casarão na rua Frei Caneca, no Centro, exibe nas fachadas sinais claros de deterioração (Foto: Gabriel de Paiva)
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O comerciante Julio Agra, proprietário de uma loja de madeiras que funcionou por cerca de 40 anos no Centro do Rio de Janeiro, enfrentou o desabamento de seu imóvel em meados do ano passado. O incidente ocorreu à noite, evitando tragédias, mas a situação reflete um problema maior na cidade. No dia 8 de fevereiro, parte do casarão da antiga Sociedade de Medicina e Cirurgia desabou na Lapa, levantando preocupações sobre a segurança de outros imóveis na região. Laura Jannuzzi, dona de um imóvel vizinho, destacou que já havia alertado sobre os riscos de desmoronamento.
Nos primeiros meses de 2024, o portal 1746 recebeu 633 solicitações de vistoria pela Defesa Civil para imóveis ameaçados de desabamento no Centro. Apesar de iniciativas como o Reviver Centro e o Reviver Cultural, muitos prédios permanecem vazios. O grupo SOS Patrimônio estima que entre 600 a 750 imóveis estão em estado de abandono, com um mapeamento identificando 160 deles em condições precárias. Um decreto publicado em outubro de 2023 permite que o município tome posse de imóveis abandonados após cinco anos sem pagamento de impostos.
Desde a implementação do decreto, dois imóveis foram transferidos para o município, enquanto outros cinco estão em análise. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento afirma que realiza vistorias periódicas em imóveis abandonados e aciona a Defesa Civil quando há risco de colapso. Um passeio pelo Centro revela casarões deteriorados, como um na Rua Carlos Sampaio, que está abandonado há pelo menos 20 anos, e o Palacete São Lourenço, tombado pelo Iphan desde 1938, cujas fachadas são tudo o que resta.
A situação de outros patrimônios históricos, como o Palacete Imperial, que aguarda reforma desde 2022, e o antigo Hotel Paris, que não recebe obras há quase 15 anos, também é preocupante. Júlio Sampaio, vice-presidente do Icomos Brasil, defende o tombamento federal como uma solução para a preservação de imóveis históricos, ressaltando a necessidade de um plano de gestão que complemente essa proteção. Ele observa que as Apacs (Áreas de Proteção do Ambiente Cultural) do Rio não avançaram nas estratégias de conservação necessárias.
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