Gestos de dedos em fotos podem expor jovens a riscos mortais ligados a facções criminosas

Sinais simples feitos com os dedos em fotos podem representar risco de morte, pois estão associados a facções criminosas como PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho). Gestos como "tudo 2" e "tudo 3" servem como identificação visual, onde o número de dedos corresponde ao número de letras nas siglas das facções. O PCC, com três letras, é relacionado aos gestos de três dedos, enquanto o CV, com duas letras, está vinculado aos gestos de dois dedos.

Fernando Viggiano, advogado especializado em direito criminal, explica que gestos de três dedos estão amplamente associados ao PCC e podem simbolizar um revólver ou a letra M. Esses códigos têm origem no contexto carcerário, onde a comunicação deve ser discreta. A desembargadora Ivana David alerta que mesmo pessoas sem envolvimento com facções podem se colocar em risco ao postar esses gestos nas redes sociais, que atuam como um vetor de disseminação.

Em 2024, pelo menos seis pessoas foram mortas na Bahia após exibirem gestos provocativos em áreas rivais. Um caso notório envolveu dois irmãos adolescentes mortos em Salvador após tirarem uma foto com sinais de mãos. A cantora Duquesa retirou um videoclipe de suas redes sociais por conter um gesto potencialmente relacionado a facções. Marcos Vinícius, de 20 anos, foi morto em Feira de Santana após publicar uma foto associada a uma facção.

As áreas dominadas por facções utilizam esses sinais como mecanismos de controle social. David enfatiza que o tráfico é um crime territorial, onde a invasão de território rival resulta em morte. Viggiano destaca que a severidade das facções visa manter disciplina, punindo infrações com rigor extremo. Especialistas sugerem campanhas educativas para alertar a população sobre os significados desses gestos, visando reduzir a vulnerabilidade das comunidades e prevenir confusões fatais.