Artista revela o processo de criação de retratos de pessoas desaparecidas

Ivanise Esperidião da Silva Santos, mãe de Fabiana, desaparecida há 29 anos, relata sua busca solitária por notícias da filha, que sumiu em 23 de dezembro de 1995, em Pirituba, São Paulo. Estima-se que mais de 200 pessoas desapareçam diariamente no Brasil, com 77,7 mil casos registrados em 2024, sendo a maioria homens com mais de 18 anos. O estado de São Paulo lidera as estatísticas, com 18,2 mil desaparecidos.

Atualmente, a busca por desaparecidos utiliza tecnologias como Inteligência Artificial (IA), reconhecimento facial e drones, contrastando com os anos 1990, quando a divulgação se limitava a TV e jornais. Ivanise fundou o Movimento Mães da Sé, que se reúne mensalmente para exigir ações do governo e divulgar fotos de desaparecidos. A dor da incerteza é constante: "São 29 aniversários que eu passo sem a minha filha", lamenta.

Em 2024, o movimento firmou parceria com a marca Piracanjuba para estampar fotos de desaparecidos em suas embalagens, incluindo imagens de progressão de idade. O artista digital Hidreley Dião é responsável por essas imagens, que combinam IA e Photoshop, e que têm ajudado na busca por desaparecidos. Ele destaca a importância de um estudo cuidadoso do rosto, levando até três meses para criar uma imagem.

Em 2024, 51,8 mil pessoas foram localizadas, com uma média de 141 por dia, sendo São Paulo o estado com mais recuperações. O trabalho da ONG Mães da Sé resultou na localização de quase 6 mil pessoas. Ivanise recorda a história de uma amiga que, após perder seu filho, prometeu ajudar outra mãe na busca, mostrando que a solidariedade entre familiares de desaparecidos é uma força poderosa.