- O Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) calculou, pela primeira vez com maior precisão, como o tempo passa em Marte, ficando cerca de 477 microssegundos por dia mais rápido que na Terra, com variação de até 226 microssegundos conforme órbita e condições locais.
- O estudo, publicado no The Astronomical Journal, amplia trabalho anterior de 2024 que analisou a passagem do tempo na Lua.
- A diferença resulta da gravidade marciana mais fraca, da órbita excêntrica de Marte e de perturbações gravitacionais de outros corpos do Sistema Solar.
- Os pesquisadores definiram um ponto de referência na superfície marciana para padronizar o cálculo e reuniram décadas de dados de sondas e rovers.
- A pesquisa aponta aplicações em sincronização entre missões, testes da relatividade geral e avanços na ideia de uma internet interplanetária.
Do estudo mais preciso até hoje, pesquisadores do NIST calculam como o tempo passa em Marte em comparação com a Terra. O resultado aponta que um relógio marciano, em média, avança 477 microssegundos por dia em relação a um similar na Terra, com variações de até ±226 microssegundos conforme a órbita marciana e as condições ali presentes. O estudo foi publicado no The Astronomical Journal.
A diferença, ainda que pequena, é relevante para aplicações de sincronização entre sondas, rovers e futuras missões tripuladas. Variações orbitais, a gravidade marciana mais fraca e a excentricidade da órbita de Marte contribuem para o efeito observado.
A determinação envolve separar dia marciano e a taxa de acúmulo de segundos. O dia em Marte é aproximadamente 40 minutos maior que o terrestre, e o ano marciano tem 687 dias. A gravidade menor na superfície de Marte faz com que relógios lá adiantem em relação aos terrares.
Variações e fatores envolvidos
O estudo integra a influência de corpos próximos, como o Sol, a Terra e a Lua, em um modelo que considera múltiplos componentes gravitacionais. A analogia com um “nível de referência” marciano permite estimar o desvio do tempo com maior precisão.
Segundo Bijunath Patla, físico do NIST, o problema envolve quatro corpos relevantes (Sol, Terra, Lua e Marte), o que torna a dinâmica mais complexa que um simples sistema de dois. O resultado representa o melhor modelo atual para a passagem do tempo em Marte.
Implicações técnicas e científicas
O desvio de tempo entre Marte e a Terra, embora mínimo, impacta a sincronização de redes de comunicação interplanetárias, como redes de sondas e futuras bases. A precisão é crucial para mensagens entre planetas, que já levam minutos para chegar.
Neil Ashby, coautor, ressalta que ainda não há missões humanas permanentes em Marte, mas resolver esses desafios facilita planos de navegação e comunicação futuras. A pesquisa também serve como teste adicional da relatividade geral.