- Cochamó Valley, Patagônia chilena, teve 133.000 hectares protegidos após uma campanha local, com a compra por $78m e a transferência de título para a Fundación Conserva Puchegüín em 9 de dezembro.
- A área abriga florestas antigas, rios turquesa e espécies como alerce, que remanescem há cerca de 1.000 anos antes de Cristo, respondendo por 11% das florestas de alerce remanescentes no planeta.
- O vale segue sem estradas, com energia gerada casa a casa por meio de solar ou vento, e mantém comunidades com ranchos, trilhas e turismo de base; o limite é de 15.000 visitantes por ano.
- A iniciativa contou com apoio de Puelo Patagonia, Holdfast Collective e outras organizações, incluindo uma doação de $ 20m da James M. Cox Foundation.
- O plano é manter pelo menos 80% da área com status de parque nacional, reservando 20% para uso múltiplo com atividades locais, ampliando o turismo de forma controlada.
O vale de Cochamó, na Patagônia chilena, foi preservado de desmatamento, barragens e desenvolvimento desenfreado após uma arrecadação local exemplar. A área de 133 mil hectares foi adquirida por 78 milhões de dólares e entregues à Fundación Conserva Puchegüín em 9 de dezembro.
A iniciativa, liderada pela ONG Puelo Patagonia, reuniu comunidades de ranchos, guias, operadoras de turismo e organizações ambientais para impedir projetos de grande escala que ameaçavam a região. A posse pública da terra visa proteger a biodiversidade e manter a vida rural tradicional.
Conjunto de dados e contexto
A Cochamó abriga cachoeiras, rios esmeralda e aves como beija-flores e condores. Entre as poucas referências humanas, destacam-se gravetos de alerce, árvores centenárias com origem por volta de 1000 a.C., hoje parte de uma das últimas grandes matas primárias da região.
A área representa 11% das florestas de alerce remanescentes no mundo. Essas árvores forneciam madeira resistente, amplamente utilizada na construção naval e em postes de telefone no passado.
Território e proteção
Com relevo dominado por paredões graníticos de até 970 metros, o vale recebeu oposição ferrenha de moradores locais a um plano hidrelétrico de 400 milhões de dólares em 2012. A mobilização local derrotou a construção de estradas de acesso e de moradias de alto padrão próximo às margens do rio Manso.
A fase atual marca o início de um projeto de conservação com foco na vida de hobbistas, rios de água límpida e ecossistema de floresta temperada. A meta é transformar a área em parque nacional, com 80% de território sob proteção estrita e 20% para uso múltiplo, incluindo atividades sustentáveis.
Financiamento e planos de longo prazo
A captação envolveu fundos de fundações privadas, como a Freyja Foundation e a Wyss Foundation, além de contribuições de organizações ligadas à indústria da conservação. A meta é manter um orçamento operacional estável para a gestão a longo prazo.
Grupos locais destacam a importância de manter a convivência entre comunidades tradicionais e atividades de turismo de baixo impacto. A equipe de Puelo Patagonia projeta um modelo replicável para outras áreas de valor ambiental.
Monitoramento e próximos passos
O impacto da proteção será avaliado com armadilhas fotográficas e cooperação com moradores. Já foi registrado o avistamento de huemul, cervídeo nativo da região, entre os presentes relatos de fauna locais.
A ideia é que Cochamó se mantenha com baixo impacto turístico, sem infraestrutura pesada e com energia predominantemente solar ou eólica. A valorização da cultura local permanece como componente central do projeto.
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