- Estudo aponta que os singulares hyraxes-das-arvores do leste na cadeia Pare, na Tanzânia, adaptaram-se a viver em afloramentos rochosos à medida que as florestas desapareceram.
- As montanhas Pare retêm menos de 3% da cobertura florestal original, após séculos de agricultura, mineração e extração de madeira.
- Pesquisadores registraram mais de 700 horas de vocalizações em 18 sites, observando que os hyraxes costumam chamar de pontos rochosos e buscar abrigo em fendas nas rochas.
- As canções dos hyraxes de Pare, incluindo um chamado distinto “strangled thwack”, lembram as dos hyraxes-do-leste em Kilimanjaro e nas colinas Taita, mas apresentam diferenças acentuadas em relação a populações em outras partes da Tanzânia, o que sugere possível unidade taxonômica distinta.
- Especialistas ressaltam que, embora alguns hyraxes do leste já usem rochas antes da perda de floresta, o uso de habitats rochosos pode se tornar ainda mais relevante para a conservação, já que essas áreas oferecem refúgio contra caçadores.
Os morros de Pare, na Tanzânia, são o novo lar de macacos-urso-das-arvores, conhecidos como tree hyraxes, que se adaptaram a viver em afloramentos rochosos. A descoberta veio de um estudo recente que acompanhou esses mamíferos noturnos em áreas de relevo acidentado, onde a floresta nativa diminuiu ao longo dos séculos.
Pesquisadores observaram hyraxes em 18 locais do maciço Pare e registraram mais de 700 horas de chamadas. Em todos os pontos, os animais cantavam principalmente a partir de rochas, buscando abrigo em fendas. O estudo aponta que a cobertura florestal original da região é inferior a 3%.
Divergências sonoras e possíveis unidades taxonômicas
As vozes dos hyraxes de Pare, inclusive um chamado distintivo descrito como “strangled thwack”, se assemelham aos de hyraxes orientais encontrados no Monte Quilimanjaro e nas colinas Taita, no Quênia. Contudo, os cantos de Pare diferem bastante de populações de outras áreas da Tanzânia tradicionalmente classificadas como a mesma espécie.
Essa variação sugere que populações orientais em Pare e Kilimanjaro podem representar uma unidade taxonômica distinta, embora ainda não haja análise suficiente para dividir formalmente em espécies ou subespécies separadas. Pesquisadores citam a necessidade de estudos adicionais para confirmar a hipótese.
Impressões de especialistas e implicações para conservação
Trevor Jones, zoologo de conservação que atua nas montanhas Udzungwa, relatou notar diferenças acústicas claras entre populações, o que pode indicar divergência. A observação também reforça que alguns hyraxes da Udzungwa já utilizam ambientes rochosos, o que sugere que a vida em fendas precede a perda de habitat e pode ganhar importância atual.
Os autores destacam que os paredões altos e pouco acessíveis de Pare dificultam a ação de caçadores, oferecendo proteção adicional aos animais. Estudos indicam que a altura e o ângulo das fendas influenciam o risco de captura, já que locais quase verticais reduzem a presença humana.
Habitat adaptado e perspectivas
Além de Pare, o hyrax fero em habitats humanos já foi observado em outras espécies associadas ao entorno humano. A proximidade com áreas agrícolas e mineração reduziu muito a cobertura florestal, mas a diversidade rochosa ainda oferece nichos de abrigo para diversas espécies. O estudo reforça a importância de preservar esses refúgios rochosos.
A pesquisa envolve Hanna Rosti, biologista de conservação da Universidade de Helsinki, e parceiros, que aguardam análises adicionais para confirmar possíveis mudanças taxonômicas. Os resultados ajudam a entender como espécies se adaptam a ambientes alterados pelo homem e a orientar estratégias de proteção.
Entre na conversa da comunidade