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Anfíbio que freou primeira usina hidrelétrica encara crise climática

Após enchentes de 2024, refúgio de Perau de Janeiro registra reprodução contínua de Melanophryniscus admirabilis, com 111 indivíduos em dois dias de coleta

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Por Revisado por: Time de Jornalismo Portal Tela
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  • Em 2025, após as enchentes de 2024, equipe retornou ao refúgio de Perau de Janeiro e encontrou 111 indivíduos (adultos e juvenis) em dois dias de coleta, indicando reprodução contínua.
  • O habitat apresenta sinais de recuperação, mas o quadrat 24 deixou de ser o mais atrativo para os sapos.
  • A espécie Melanophryniscus admirabilis ficou conhecida por ter impedido a construção de uma usina hidrelétrica a menos de 300 metros de seu habitat, em 2014, e foi descrita em 2006; está listada como criticamente ameaçada.
  • O monitoramento permanece em um projeto de três anos de pós-desastre, usando a mesma metodologia desde 2010 para estimar o tamanho da população.
  • Fatores de ameaça incluem mudanças climáticas e desmatamento por plantações de tabaco, soja e Eucalipto; há proposta de reconhecimento da espécie como patrimônio genético do Rio Grande do Sul.

Em 2025, após as enchentes de 2024, pesquisadores visitaram novamente o refúgio de Perau de Janeiro, em Arvorezinha, RS, para avaliar a sobrevivência da espécie Melanophryniscus admirabilis. A expedição constatou reprodução contínua e um total de 111 indivíduos entre adultos e juvenis coletados em dois dias de trabalho.

O habitat no Forqueta River, local de apenas um núcleo conhecido de ocorrência, mostra sinais de recuperação. No entanto, o quadrante 24 perdeu atratividade para as rãs-tostões, com menos indivíduos encontrados nessa área específica. O monitoramento está em andamento dentro de um projeto de três anos.

A origem da espécie remonta a 2006, quando foi descrita pela ciência. Em 2013, ficou classificada como criticamente ameaçada, levando a ações conjuntas que frearam a construção de uma pequena usina hidrelétrica em 2014, a menos de 300 metros do habitat. A atuação garantiu a continuidade de um território único para a espécie.

A expedição de 2025 envolveu a equipe de Michelle Abadie, líder do grupo, acompanhada por Debora Bordignon, Karoline Zenato e Jaqueline Becker, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os pesquisadores utilizaram transectos de 15 metros quadrados para mapear a população e registrar amplexos e copulações.

Durante o levantamento, foi possível documentar embriões e tadpoles, assim como casais em amplexo, um indicativo de que a reprodução permanece estável sob as condições atuais. Em dois dias de coleta, foram contados 111 indivíduos, o que indica continuidade do ciclo reprodutivo, ainda que não seja o máximo registrado.

O estudo, que integra o Plano Nacional de Conservação de Espécies Ameaçadas, prevê monitoramento contínuo com base em dados preditivos desde 2010. A mudança climática surge como potencial fator de risco, somada à pressão de atividades humanas na região, como plantações de tabaco, soja e eucalipto, associadas à perda de habitat.

Contexto e perspectivas

O refúgio fica em uma área privada, sem criação de unidade de conservação formal apesar de ter sido reconhecido como área-chave de biodiversidade. A ideia é que ações de conservação sejam integradas a atividades econômicas locais, buscando equilíbrio entre turismo responsável e proteção ambiental.

A pesquisadora ressalta que a espécie, cuja coloração é um indicativo de toxicidade, pode tornar-se alvo de comércio ilegal. Embora ainda não haja registro de venda de indivíduos como animais de estimação, o risco de captura para o tráfico é citado como ameaça adicional.

A equipe projeta ampliar o monitoramento pela duração do programa de três anos, com a meta de estimar o tamanho da população e a taxa de sobrevivência. A participação da comunidade local e de instituições públicas deve fortalecer estratégias de conservação e de educação ambiental.

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