- Dados do NHS mostram que mulheres asiáticas na Inglaterra tiveram taxas de lacerações graves (terceiro e quarto grau, OASI) de 2.831 por 100 mil partos em 2023-24, quase o dobro de brancas (1.473) e negras (1.496).
- Esses ferimentos podem causar danos físicos e mentais duradouros, como incontinência e transtorno de estresse pós-traumático; as razões são multifatoriais e nem sempre bem compreendidas.
- Profissionais de saúde muitas vezes não sabem do maior risco entre mulheres asiáticas, destacando a necessidade de aconselhamento antenatal mais claro e culturalmente adequado.
- Pesquisas anteriores apontaram aumento de lacerações graves entre mães na Inglaterra, de 25 em 1.000 em 2020 para 29 em 1.000 em 2024.
- O NHS reafirma compromisso com atendimento obstétrico seguro, equitativo e de alta qualidade, ressaltando a importância de informações e suporte adequados durante gravidez, parto e pós-parto.
Um estudo com base em dados do NHS, analisados pelo Guardian, aponta que mulheres asiáticas na Inglaterra têm quase o dobro de chance de sofrer as formas mais graves de laceração durante o parto. As informações vêm de um pedido de liberdade de informação. As lesões analisadas são lacerações de terceiro e quarto grau, conhecidas como lesão do esfíncter anal obstétrica (OASI).
Os números indicam que, em 2023-24, as mulheres asiáticas sofreram OASI a uma taxa de 2.831 lacerações por 100 mil partos. Em comparação, as taxas foram de 1.473 por 100 mil para mulheres brancas e 1.496 por 100 mil para mulheres negras. As autoridades de saúde destacam que essas lesões podem acarretar danos duradouros.
A explicação não é simples, afirmam especialistas. O estudo aponta fatores anatômicos, fisiológicos e questões estruturais do sistema de saúde como possíveis causas, sem oferecer uma explicação única. Profissionais ressaltam que o conhecimento ainda não chega de forma consistente a equipes da linha de frente.
Desafios e respostas
Geeta Nayar, advogada e defensora de vítimas, enfatiza a necessidade de informações pré-natais claras e culturalmente adequadas sobre riscos. Ela também defende práticas baseadas em evidências e respeito durante o parto. Analistas acrescentam que o atendimento personalizado é essencial.
Lia Brigante, da Royal College of Midwives, afirma que o risco é apontado em estudos ocidentais, mas nem todos os profissionais estão cientes. As causas da disparidade permanecem em estudo, e fatores como uso de instrumentos, parto de alto impacto e desigualdades são discutidos.
Chloe Oliver, da MASIC, lembra que as lesões OASI trazem consequências emocionais e físicas duradouras. A organização aponta que o maior fator de risco com relação à origem sul-asiática nem sempre é discutido nas consultas pré-natal. O NHS reiterou compromisso com cuidado equitativo.
O NHS afirma que todas as mães merecem assistência de qualidade e que a organização trabalha para reduzir disparidades, incluindo entre mães asiáticas. A atuação busca oferecer suporte adequado durante a gravidez, parto e período pós-parto.
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