- Em Guam, pesquisadores coletaram estruturas artificiais chamadas ARMS (Autonomous Reef Monitoring Structures) que ficaram no fundo do mar por oito anos, revelando vida inusitada na zona crepuscular oceânica entre cinquenta e cinco e cem metros de profundidade.
- Ao trazer treze ARMS, a equipe encontrou dois mil exemplares e identificou cem espécies nunca registradas na região, com pelo menos vinte parecem ser totalmente novas para a ciência.
- Entre as descobertas estão um goby transparente, uma lesma-do-mar com manchas amarelas e um peixe cardinalídeos laranja, além de um polvo jovem marcado com bolinhas.
- A coleta exigiu mergulho com aparelhos de respiração recirculados, a missões que começaram em quarenta e cinco metros e desceram mais de cem metros, com retorno demorado para evitar doenças por descompressão.
- O estudo, que envolve uma segunda etapa de dois anos com coleta de setenta e seis ARMS em diversas áreas do Pacífico, busca comprovar a diversidade e a importância desses ecossistemas pouco monitorados e pressionados por pesca, poluição e aquecimento, para que sejam protegidos.
A equipe da California Academy of Sciences, liderada por Luiz Rocha, coletou estruturas ARMS (Autonomous Reef Monitoring Structures) no entorno de Guam, no Pacífico. Elas ficaram submersas por oito anos, até novembro, quando foram içadas e passaram a revelar uma biodiversidade inédita na zona de crepúsculo do oceano.
As ARMS são pilhas de placas de PVC que simulam recifes artificiais. Criaturas se fixam nelas, crescendo ao longo do tempo. Divergentes de mergulho tradicional, os pesquisadores retornaram com 13 estruturas, carregadas de vida marinha que não havia sido observada antes.
Ao todo, a expedição identificou cerca de 2.000 exemplares e 100 espécies nunca documentadas na região. Pelo menos 20 delas parecem ser novas para a ciência. Entre as descobertas estão uma goby translúcida, uma lesma marinha amarela e um peixe-cardeal laranja com aspecto de olhos esbugalhados.
Descobertas e método
Os pesquisadores encontraram também um polvo jovem com manchas em formato de bolinhas, além de invertebrados nunca registrados a essas profundidades. A identificação de possíveis novas espécies dependerá de análises genéticas, já em curso.
O retorno às estruturas exigiu mergulho com rebreathers, equipamento que recicla o ar exalado. Descidas de mais de 100 metros demandaram planejamento cuidadoso e pausas para ascensão, para evitar doenças de descompressão.
Impacto e próximos passos
Ao comparar as placas, a equipe registrou uma rica diversidade de esponjas, minhocas marinhas, anêmonas e peixes ainda não descritos. O Bureau de Conservação de Guam e o próprio Rocha destacam a importância de manter esses ecossistemas protegidos.
Dados de temperatura instalados nas ARMS indicaram aquecimento even nas zonas menos profundas, sugerindo que as mudanças climáticas também atingem os ecossistemas mesofóticos. A equipe planeja coletar 76 ARMS adicionais em diversos locais do Pacífico nos próximos dois anos.
Contexto técnico e futuro
Especialistas ressaltam que muitas espécies nesses récifes profundos permanecem desconhecidas, ainda mais sensíveis a pressão humana, pesca e poluição. A pesquisa busca evidenciar a riqueza dessas zonas, para orientar futuras políticas de proteção marinha.
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