- O morcego que come peixe, Myotis vivesi, é-endêmico do Golfo de California e forma a maior colônia na Isla Partida Norte, com dezenas de milhares de indivíduos.
- A espécie é considerada vulnerável pela IUCN e endêmica ao litoral mexicano, com habitat ameaçado por espécies exóticas invasoras e alterações humanas.
- A pesquisa de José Juan Flores Martínez, iniciada há cerca de vinte e seis anos, revela que o morcego tem patas longas, pelagem impermeável e uma membrana entre as pernas que funciona como bolsa para armazenar a comida.
- Isla Partida funciona como laboratório natural e abriga a maioria das fêmeas e filhotes; outras ilhas reportam presenças esparsas ou ausência devido a predadores introduzidos.
- Novos estudos visam monitorar distribuição, impactos de fatores antropogênicos e a transmissão de doenças entre animais silvestres e humanos, mantendo ênfase na conservação das ilhas e na comunicação com comunidades pesqueiras.
O pesquisador José Juan Flores Martínez, então estudante de biologia, iniciou estudos sobre o morcego pescador Myotis vivesi após encontrá-lo em Isla Partida Norte, no Golfo da Califórnia. A visita ocorreu no início dos anos 2000, durante trabalho de controle de roedores invasivos em ilhas com colônias de aves marinhas. O animal surpreendeu pela presença em deserto e por sua alimentação aquática.
Flores Martínez hoje atua como técnico-acadêmico no Instituto de Biología da UNAM. Junto com o pesquisador Gerardo Herrera Montalvo, dedicam-se há mais de duas décadas ao estudo da espécie, que chega a 16 cm de comprimento e apresenta pelagem impermeável. A espécie é endêmica do Golfo e já foi registrada em mais de 45 ilhas.
A maior colônia de Myotis vivesi está em Isla Partida Norte, onde dezenas de milhares de indivíduos se reproduzem. A ilha é considerada o principal santuário reprodutivo da espécie, que utiliza patas traseiras de grande envergadura para capturar peixes e crustáceos no entorno marinho.
Aves de rapina, gatos e roedores invasivos são fatores que afetam a distribuição da espécie nas ilhas. Em Isla Partida, a ausência de predadores introduzidos favorece a sobrevivência dos morcegos. Programas de controle de espécies exóticas da CONANP buscam reduzir impactos sobre a fauna local.
Entre os achados, o estudo revela que o Myotis vivesi raramente consome água doce, dependente do ambiente marinho para hidratação. O batimento das asas, o uropátilio (membrana entre as pernas) e a estrutura do corpo facilitam captura e transporte de presas até os abrigos rochosos.
A divulgação científica mostra que a espécie depende fortemente da geografia insular. O isolamento favorece adaptações fisiológicas e ecológicas, que tornam o ecossistema de ilhas um laboratório natural para a espécie. A pesquisa também aponta o papel dos morcegos como indicadores de áreas bem conservadas.
Pesquisas recentes ampliam o monitoramento da distribuição da espécie nas ilhas da região. Além de estudos de voo com GPS, há campanhas para avaliar a vulnerabilidade frente a doenças emergentes, com foco na relação entre morcegos, fauna local e humanos.
De acordo com Flores Martínez, a proteção de Isla Partida é essencial não apenas para Myotis vivesi, mas para a riqueza de aves marinhas, répteis e plantas da região. A colaboração entre instituições mexicanas e internacionais sustenta a conservação do sítio.
O pesquisador reforça a importância da cooperação com órgãos ambientais, comunidades pesqueiras e visitantes. A sensibilização sobre a fragilidade dos habitats insulares visa reduzir impactos antropogênicos e preservar o equilíbrio ecológico da área.
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