14 de mar 2025

Cocô de pinguim revela 6 mil anos de história ecológica da Antártica
Estudo sequenciou 94 bilhões de fragmentos de DNA de fezes de pinguins. Elefantes marinhos do sul desapareceram há cerca de 1.000 anos na região. Pinguins de adélia mudaram dieta de bald notothen para peixe prata antártico. Microbiota antártica preserva DNA antigo, possivelmente com 1 milhão de anos. Resultados ajudam a prever impactos do aquecimento global e estratégias de conservação.
Foto:Reprodução
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A análise de material genético encontrado em fezes de pinguins, datando de até 6.000 anos, está permitindo que cientistas reconstruam a história ecológica da Antártica. Um estudo recente na revista Nature Communications sequenciou 94 bilhões de fragmentos de DNA de sedimentos da costa do mar de Ross, revelando como espécies como os pinguins-de-adélia e os elefantes-marinhos do sul reagiram a mudanças ambientais ao longo do tempo. Os pesquisadores escavaram em dez colônias de pinguins, tanto ativas quanto abandonadas, ao longo de 700 quilômetros de costa, coletando um arquivo natural que inclui penas, ovos e excrementos fossilizados.
Os dados indicam que os elefantes-marinhos do sul ocuparam a região para reprodução até cerca de 1.000 anos atrás, quando desapareceram, possivelmente devido ao resfriamento global e à expansão do gelo marinho. Com a saída dos elefantes-marinhos, os pinguins-de-adélia passaram a dominar a área. Além disso, a pesquisa revelou mudanças nos hábitos alimentares dos pinguins-de-adélia: há 4.000 anos, eles se alimentavam principalmente de bald notothen, enquanto atualmente consomem peixe-prata-antártico, sugerindo uma adaptação às variações do ambiente.
Os cientistas também notaram que algumas colônias de pinguins-de-adélia cresceram nas últimas décadas, corroborando estudos anteriores sobre a expansão da espécie no leste da Antártica. Os sedimentos analisados demonstram que a microbiota local preserva DNA antigo de forma eficiente, indicando que materiais ainda mais antigos, possivelmente com 1 milhão de anos, podem estar enterrados no continente. Compreender como esses animais reagiram às mudanças climáticas passadas pode ser crucial para prever os impactos do aquecimento global e desenvolver estratégias de conservação para proteger essas espécies diante das transformações ambientais atuais.
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