Moradores da zona sul de Porto Alegre vendem casas devido a risco de enchentes

A elevação do nível do lago Guaíba em Porto Alegre gerou preocupação entre os moradores da zona sul, especialmente no bairro Guarujá, onde a água já ultrapassou a cota de inundação. Na manhã desta segunda-feira (30), a prefeitura fechou as últimas cinco comportas abertas, localizadas no centro histórico e na zona norte, em resposta à situação crítica.

Os portões das comportas 1, 2, 4 e 6 foram fechados, enquanto a comporta 12, que está em obras, foi selada com sacos de areia e argila. O fechamento alterou a circulação do trânsito na região. No Guarujá, a régua marcava 2,51 metros, um centímetro acima do limite de alagamento. Moradores, como Eduardo Corrêa, gerente de uma loja de piscinas, relatam que a preocupação aumentou após uma semana de chuvas intensas. Ele observa que muitos já estão se preparando para possíveis inundações, com pessoas mudando móveis e se retirando de casa.

Impactos nas Comunidades

O biólogo Nicolas Mascarello, que reside em uma área mais alta do Guarujá, destaca que o bairro se transformou em um canteiro de obras após as enchentes de 2024. Ele menciona que muitos moradores estão se preparando para a chegada da água, especialmente em um cenário de frio intenso e previsão de níveis altos do Guaíba. "Se prevenir de uma situação que não se sabe quando vai acontecer de novo não é uma coisa barata", afirma.

As cheias recentes também trouxeram à tona a fragilidade do sistema de proteção contra cheias, desenvolvido nos anos 1960. Após a enchente histórica de 2024, a prefeitura iniciou um projeto para reformular esse sistema, atualmente em fase de elaboração sob a supervisão do professor Carlos Tucci, da UFRGS.

Situação Atual

Com as chuvas que retornaram ao Rio Grande do Sul, novos alagamentos foram registrados em rios que afluem para o Guaíba. Porto Alegre abriga atualmente 80 pessoas em um abrigo emergencial, que tem capacidade para 150 desabrigados. A maioria dos abrigados vem da região das ilhas, que possui uma cota de inundação menor.

A situação é crítica, com moradores enfrentando não apenas as cheias, mas também a mudança dos ventos, que intensificam a sensação térmica e tornam o Guaíba mais turbulento. A força das águas trouxe detritos para a orla, e a paisagem se alterou com casas à venda e abandonadas, marcadas pela lama das enchentes passadas. A realidade de alagamentos contínuos na zona sul de Porto Alegre é um desafio crescente para a população local.