11 de fev 2025
Caverna polonesa revela evidências de canibalismo ritualístico há 18 mil anos
Pesquisadores do IPHES CERCA e CSIC descobriram canibalismo na caverna Maszycka. Análise de 53 fragmentos ósseos revela consumo ritualístico ou de guerra. Marcas em ossos indicam desmembramento e possível extração de cérebro. Canibalismo pode ter significado simbólico ou estar ligado a conflitos. Caverna Maszycka se junta a outros 17 sítios arqueológicos com práticas semelhantes.
CAVERNA MASZYCKA: marcas em ossos humanos que sugerem o consumo de carne durante o período Magdaleniano, há cerca de 18 mil anos. (Foto: Witold Mirek/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons/Reprodução)
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Pesquisadores do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES-CERCA) e do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC) descobriram evidências de canibalismo pré-histórico na caverna Maszycka, na Polônia. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, analisou marcas em ossos humanos que indicam o consumo de carne durante o período Magdaleniano, há aproximadamente 18 mil anos. A equipe examinou 53 fragmentos ósseos, de pelo menos dez indivíduos, sendo seis adultos e quatro crianças, e encontrou marcas de cortes e fraturas em quase 70% dos restos analisados.
As marcas estavam concentradas em áreas do corpo associadas ao aproveitamento de carne e gordura, como a base do crânio e articulações. Além disso, algumas ossadas apresentavam indícios de que o cérebro pode ter sido retirado, possivelmente para consumo. Essa prática já foi identificada em outros locais pré-históricos, sugerindo que o canibalismo era parte do repertório cultural desses grupos humanos. As fraturas nos ossos indicam que os corpos estavam frescos, sugerindo um comportamento intencional e não oportunista.
Os pesquisadores levantam a hipótese de que o canibalismo na caverna Maszycka pode ter ocorrido em contextos ritualísticos ou de guerra. Essa suposição é apoiada por evidências de ossos humanos transformados em ferramentas e adornos em outras partes da Europa, indicando um significado simbólico por trás do consumo de carne humana. Além disso, a possibilidade de conflitos entre grupos rivais é considerada, especialmente após o fim da última era glacial, quando o aumento populacional e a disputa por recursos poderiam ter levado a confrontos violentos.
A caverna Maszycka não é um caso isolado; ao menos 17 sítios arqueológicos na Europa mostram sinais de práticas semelhantes. Exemplos notáveis incluem a caverna de Gough, no Reino Unido, onde foram encontrados crânios transformados em recipientes. As descobertas em Maszycka revelam que os primeiros humanos tinham uma relação complexa com a morte e os restos mortais, desafiando a visão tradicional de que nossos ancestrais apenas caçavam animais para sobreviver. A pesquisa sugere que o canibalismo pode ter sido mais comum do que se pensava, oferecendo uma nova perspectiva sobre as sociedades do passado.
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