26 de jun 2025

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Não existe mais amor em 2025?

Em um cenário de vínculos cada vez mais frágeis, jovens relatam cansaço emocional, evasão dos aplicativos e desilusão com os encontros modernos.

Casal apaixonado de mãos dadas na rua. (Imagem: Creative Commons)

Casal apaixonado de mãos dadas na rua. (Imagem: Creative Commons)

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Mensagens que somem, dates que não dão em nada, e a constante sensação de estar trocando likes em vez de afeto. Em meio a tantas possibilidades, o amor parece cada vez mais raro — e mais cansativo. Solteiros relatam frustração com vínculos rasos, enquanto os comprometidos se agarram aos relacionamentos como quem escapou por pouco de um apocalipse afetivo.

Nas redes sociais como TikTok e X (antigo Twitter), proliferam desabafos sobre a solidão contemporânea, embalados em memes e áudios virais: “Quem casou, casou e quem não casou, não casa mais”. O que era para ser um mar de chances virou um campo minado de egos e expectativas. Afinal, dá pra amar num tempo em que todo mundo tem medo de se apegar?

Apps saturados, festas vazias: cadê o amor off-line?

Depois do boom dos aplicativos de namoro entre os millenials, a Geração Z parece ter desenvolvido um certo trauma desse formato. Uma pesquisa de 2023 da empresa de inteligência de mercado Savanta revelou que 9 em cada 10 jovens passam por uma espécie de burnout da paquera  e fogem dos apps por frustração, mesmice, insegurança e superficialidade.

Se os aplicativos não funcionam, por que os jovens também não estão se conhecendo em festas, como antigamente? Um fator importante é a onda de wellness e autocuidado que tomou conta dos últimos anos. Segundo dados do Relatório Covitel, que analisa os hábitos de saúde dos brasileiros, a vida noturna vem mudando especialmente entre os nascidos entre 1995 e 2010: a Geração Z está bebendo menos e indo para casa antes da meia-noite.

Sobra, então, a boa e velha opção dos encontros ao vivo. Mas nem isso tem sido simples. As pessoas estão mais exigentes. Para evitar abrir mão de si mesmas à toa, muitos solteiros buscam parceiros com listas longas de critérios — valores, metas e momentos de vida precisam estar minimamente alinhados.

Além disso, o excesso de tecnologia contribui para o desgaste emocional. Segundo especialistas, a sensação constante de ser apenas mais uma carta em um baralho infinito de possibilidades pode gerar insegurança, insatisfação, medo da decepção, e até uma certa apatia. Com isso, muitos passam a relativizar encontros e conexões, sempre de olho na próxima notificação.

Como perder um date em 10 segundos

Enquanto isso, nas redes sociais, pipocam vídeos bem-humorados de jovens listando os motivos mais inusitados para desistir de um date. As respostas vão de “se ele usa bermuda jeans” a “se ela sai de casa com o cabelo molhado”, passando por “se ele corre agachado atrás da bola de pingue-pongue” ou “se ela dorme de boca aberta”.

Nesse cenário, uma expressão ganhou popularidade: red flag, sempre acompanhada do emoji de bandeira vermelha. O termo — que significa literalmente "bandeira vermelha" — é usado para sinalizar comportamentos considerados problemáticos ou até abusivos em potenciais parceiros. A ideia é clara: identificar sinais de alerta logo no começo, quando ainda dá tempo de cair fora.

Outra expressão que ganhou força nas redes é o “ick” ou simplesmente “eca”, na versão abrasileirada. Trata-se de uma reação visceral, quase física, de repulsa diante de certos comportamentos ou manias de alguém, mesmo que a pessoa, em tese, fosse um bom par. O “ick” não se baseia em valores morais ou em critérios racionais de compatibilidade. É algo mais instintivo: um gesto, um hábito ou até uma entonação de voz pode ser o suficiente para matar a atração na raiz. Mastigar de boca aberta, ler placas de trânsito em voz alta como se fosse um locutor de bingo, respirar muito alto — pequenos detalhes que, para alguns, são meras esquisitices, mas para outros, viram um gatilho definitivo para dar meia-volta no flerte.

Amor pós-pandemia: menos beijos, mais likes

Após a pandemia de coronavírus em 2020, a dinâmica dos relacionamentos mudou drasticamente entre os jovens. Cada encontro passou a ser visto como mais precioso e, por isso, muitas pessoas não querem mais gastar tempo e energia com quem "não vale a pena". Nesse cenário, surgiu um novo estilo de aproximação: a micropaquera.

A micropaquera é uma forma sutil de flertar, quase imperceptível. Funciona como uma dança de sinais e gestos que tenta sondar, com delicadeza, se há reciprocidade no interesse amoroso. Um olhar, uma curtida nos stories, um emoji bem colocado — tudo isso vale mais do que um “oi”. Para alguns, essa é uma tática refinada; para outros, só um jeito de evitar a rejeição.

E foi nesse clima que começou a trend “POV: homens 2025”. A tendência, popular principalmente no TikTok, mostra o ponto de vista (POV) de mulheres diante de interações com homens, muitas vezes expondo mensagens constrangedoras ou situações em que eles demonstram total falta de jeito. A conclusão dessas solteiras? Os homens solteiros estão todos... frouxos.

Do outro lado da tela, muitos homens responderam: se as mulheres são tão empoderadas quanto dizem, nada deveria impedi-las de tomar a iniciativa. O resultado é uma verdadeira guerra fria amorosa, marcada por silêncios estratégicos, ironias digitais e expectativas desalinhadas.

No amor em 2025, a única certeza é a mudança

Relacionar-se em 2025 é, antes de tudo, um exercício de paciência, vulnerabilidade e leitura de sinais — e quantos sinais! Contudo, em um tempo em que as tendências são cada vez mais efêmeras e a Geração Z já nasceu acostumada com mudanças repentinas, tudo pode mudar de uma hora pra outra. Quem sabe, em breve, o jogo não vira para os solteiros?

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