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Dois de Julho: o hino que canta a independência do Brasil na Bahia

Mais que um canto cívico, ele narra a resistência popular que consolidou a independência do Brasil.

*Hino ao Dois de Julho*, Ladislau dos Santos Titára e José dos Santos Barreto. (Imagem: Portal Tela)

*Hino ao Dois de Julho*, Ladislau dos Santos Titára e José dos Santos Barreto. (Imagem: Portal Tela)

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Muito antes de Dom Pedro I erguer a espada às margens do Ipiranga, a Bahia já lutava pela liberdade. E foi também na Bahia que essa independência se consolidou de fato, em dois de julho de 1823. Desde então, a data é celebrada com orgulho e resistência — e está eternizada no Hino ao Dois de Julho, composto por Ladislau dos Santos Titára e musicado por José dos Santos Barreto.

Mais que uma canção cívica, o hino é um documento histórico cantado.

Um sol que nasce mais forte

A primeira estrofe do hino é também a mais conhecida e simbólica:

“Nasce o Sol a dois de julho / Brilha mais que no primeiro / É sinal que neste dia / Até o Sol, até o Sol é brasileiro”

O verso evoca o amanhecer de 2 de julho de 1823, quando os baianos, ainda sonolentos, enxergaram no horizonte o que tanto esperaram: os navios portugueses fugindo da Baía de Todos-os-Santos. Eram mais de 80 embarcações deixando Salvador rumo ao exílio. Pela primeira vez, o Brasil estava verdadeiramente livre da presença militar portuguesa. A metáfora do sol que brilha mais tem base concreta: era madrugada quando os colonizadores partiram, e o sol do dois de julho brilhou mais que no primeiro porque eles haviam vencido.

Contra o despotismo

Outro trecho marcante do hino é um libelo contra o autoritarismo:

“Nunca mais, nunca mais o despotismo / Regerá, regerá nossas ações / Com tiranos não combinam / Brasileiros, brasileiros corações”

Aqui, o hino não fala de um inimigo abstrato. A crítica tem nome: Inácio Luís Madeira de Melo, comandante português que chegou a Salvador com a missão de sufocar o levante pró-independência. Enviado pela Coroa com uma carta supostamente escrita pelo rei, Madeira de Melo foi recebido com resistência pela Câmara da cidade e pelas forças locais. Seu governo autoritário e brutal virou símbolo do despotismo que os baianos enfrentaram com coragem.

Um exército do povo

A resistência não se deu por meio de um exército formal. A luta foi travada nos engenhos, nos morros, nas ruas e nos becos:

“Cresce, ó filho de minh'alma / Para a Pátria defender / O Brasil já tem jurado / Independência, independência ou morrer”

Sem apoio militar suficiente, a Bahia viu seu povo se levantar. O “filho de minh’alma” é esse povo: negros escravizados e libertos, mulheres, lavradores, artesãos, padres e sertanejos que pegaram em armas e formaram uma frente de luta diversa e improvisada.

De Cabrito a Pirajá: a vitória consolidada

Na última estrofe, o hino rememora os campos de batalha:

“Salve, ó rei das campinas / De Cabrito a Pirajá / Nossa pátria, hoje livre / Dos tiranos, dos tiranos não será”

Os versos se referem a dois dos principais palcos da luta: Cabrito e Pirajá, hoje bairros de Salvador. Foi ali que as batalhas mais intensas aconteceram, selando a vitória das forças brasileiras.

Um hino que ainda canta o presente

Mais do que uma celebração, é um lembrete vivo: a independência do Brasil não foi pacífica, nem concedida — foi arrancada com sangue, suor e coragem por um povo que se recusou a ser submisso. Cada verso é um ato de resistência, uma afirmação de que a verdadeira liberdade nasceu na Bahia

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